Paraná é o estado com maior quantidade de energia adquirida de PCHs e CGHs em leilão A-4


Por Ceres Battistelli

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O Paraná é estado com maior representatividade do país em energia adquirida de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), no leilão A-4, promovido no último dia 27 de maio, pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CEE) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para atendimento das distribuidoras no mercado regulado.

O certame resultou na negociação de 251 (MW-m) a um preço médio de 258,16 R$/MWh. Deste total 107 megawatt-médio (MW-m) de energia deverão ser geradas por 14 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e 4 Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), até 2026. Isso representa 42% do total de energia comercializada neste leilão.

Entre as PCHs e CGHs que tiveram a sua energia adquirida, seis delas, ou um terço do total estão no Paraná. As PCHs e CGH do Paraná comercializaram juntas a energia de 78,5 (MW). São elas:PCH Cavernoso III, com a aquisição de 6,48 (MW), localizada entre os municípios de Candói e Virmond; PCH Cavenoso IV, com a aquisição de 6 (MW), localizada entre Catangalo e Candói; CGH Cavernoso VIII, vendeu 4,99 (MW) e fica na divisa  entre Guarapuava e Goioxim; PCH Córrego Fundo, que está localizada entre os municípios de Colorado, Paranacity e Paranapoema comercializou 10 (MW); PCH Paredinha, no Turvo, comercializou 21 (MW) e já a PCH Tito, que fica entre Clevelândia e Honório Serpa comercializou 30 (MW).

O leilão A-4

Neste leilão foram ofertados mais de 75 gigawatts (GW) por 1.894 empreendimentos das fontes eólica, solar, PCH, CGHs e térmicas a biomassa. Destes, 29 projetos levaram contrato, sendo 18 PCHs e CGHs, quatro usinas eólicas, cinco usinas solares e duas termelétricas a biomassa, com investimentos da ordem de R$7 bilhões. As PCHs e CGHs tiveram a sua geração vendida a patamares superiores a 280 R$/MWh.

Para a presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs (Abrapch), Alessandra Torres, a aquisição comprova a necessidade de diversificação da matriz elétrica, bem como a complementaridade entre as diversas fontes de geração. 

Ela atribui o posicionamento do Paraná – estado com maior número de empreendimentos com energia comercializada no Brasil – à organização do governo, do órgão ambiental e dos empreendedores. “O Paraná possui um grande potencial hídrico e tinha dezenas de empreendimentos represados que poderiam ser autorizados. O governador Carlos Massa Ratinho Junior reconheceu a importância das pequenas usinas e ajudou a viabilizar estes empreendimentos, gerando oportunidade e crescimento econômico sustentável”, afirmou Alessandra.

Paralelamente a isso, ela destaca a ação do órgão ambiental que atuou de maneira exemplar para desburocratizar licenciamentos ambientais, que anteriormente chegavam a demorar dez anos. “A geração de energia limpa e sustentável é discutida no mundo inteiro e o Paraná mostrou que é possível produzir energia com baixo impacto, contribuindo com o meio ambiente e para a geração de empregos e renda”, reforçou Alessandra.

Números do Paraná 

Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que o Paraná tem potencial para a construção de 162 novas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) ou Centrais Geradoras Hidráulicas (CGHs). O estado foi um dos que mais avançou no licenciamento ambiental de pequenas usinas, com 191 documentos emitidos entre Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO), para mais de 60 empreendimentos.

Segundo a Associação, apenas no Paraná existem cerca de 1.700 megawatts de energia inexplorada, com investimentos previstos de R$12 bilhões e a geração de 100 mil empregos diretos.

Intermitência da fonte 

A Abrapch acredita que a principal razão para a contratação de PCHs nesse leilão é o consumidor. Isso porque a intermitência do sol e do vento, que não possibilitam a geração de energia 24 horas por dia, reduz a produção, e encarece o preço final.

“A intermitência destas fontes só pode ser compensada por baterias – ainda insuficientes, caras e poluentes -, geração térmica fósseis ou hidráulicas, com ou sem reservatórios. Além disso, em tempos de descarbonização da matriz, não faz sentido complementar fonte intermitente com termoelétricas fósseis”, afirma o vice-presidente da Abrapch, Ademar Cury.

O suprimento de energia deverá começar em até quatro anos após a realização da disputa. Neste caso, os empreendimentos deverão dar início à operação comercial até 1º de janeiro de 2026. O edital prevê o prazo de contrato de 20 anos para as hidrelétricas e térmicas a biomassa e de 15 anos para as eólicas e solares.

Em nota, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou que a diversificação da matriz elétrica brasileira, com a contratação de várias fontes de geração, é fundamental para a segurança do sistema elétrico. “As fontes solar e eólica, atualmente são mais baratas e por isso, têm sido as mais contratadas pelo mercado livre. No entanto, essas fontes são intermitentes e o sistema elétrico brasileiro não pode se expandir lastreado apenas em fontes dessa natureza. Por isso, nos leilões regulados, há a preocupação em não contratar apenas as fontes intermitentes, como a solar e a eólica, mas também a contratação de outras fontes com geração de energia mais firme, como as das centrais hidrelétricas e as da biomassa, para que possamos ter uma matriz elétrica mais equilibrada”, detalha o MME.

Segundo informações disponibilizadas pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), compraram energia no certame as distribuidoras Cemig, Coelba, da Neoenergia e Light.

Cenário Nacional 

O Brasil tem potencial para expandir a sua capacidade de geração de energia renovável proveniente de Pequenas Centrais Hidrelétricas   em até 13.700 megawatts – aumento em aproximadamente quase 300% – com menor impacto ao meio ambiente, se comparado a outras fontes.

Isso porque, atualmente, as PCHs e CGHs somam juntas 6.350 megawatts de potência instalada, com a possibilidade de chegar a aproximadamente 20.000 megawatts com os projetos já inventariados, segundo a Abrapch. Ao todo, são 1.150 usinas em operação no país, com a possibilidade de instalação de outras 1.250, sem contar com o potencial existente no bioma amazônico, que totaliza uma centena de novos possíveis projetos.

Entre as vantagens das PCHs e CGhs estão sustentabilidade, segurança, geração próxima à carga, redução de perdas, menores investimentos em transmissão, tecnologia 100% nacional, desenvolvimento científico/tecnológico, menores prazos de implantação, geração de empregos e capacidade de regularização das vazões dos rios, irrigação e abastecimento humano nos setores agropecuário e de saneamento básico. “Além disso, as PCHs retiram mensalmente toneladas de lixo dos rios que ficam retidas em suas grades. Todos os resíduos têm a destinação correta, auxiliando na manutenção da saúde dos recursos hídricos, um grande benefício que a sociedade desconhece”, finaliza Alessandra.

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