ABRAPCH defende construção de novos reservatórios para enfrentar crise hídrica


Durante o ‘Seworld – Setor Elétrico no Mundo’, presidente da Diretoria-Executiva destacou a importância das PCHs e CGHs na preservação, armazenamento e distribuição de água

 

Mais de 90% da capacidade de armazenamento de água do País é procedente das usinas hidrelétricas, de acordo com informações da Agência Nacional de Águas (ANA). As geradoras de energia elétrica têm enfrentado resistências Políticas e legislativas há pelo menos duas décadas. Por outro lado, o setor é uma peça-chave no combate à crise hídrica e de abastecimento, que cada vez mais preocupa as autoridades brasileiras.

Enquanto o mundo investe em construção de novos reservatórios de água, o Brasil caminha no sentido contrário. A falta de espaços de armazenamento hídrico coloca em risco o futuro do agronegócio, da pecuária e o abastecimento humano. A falta de água no dia a dia já é um problema concreto em grandes cidades de todas as regiões do Brasil.

Todo este cenário político, econômico e ambiental foi debatido nesta quinta-feira (12), em Brasília, durante o Seworld – Setor Elétrico no Mundo, que reuniu Associações e autoridades do setor. Paulo Arbex, Presidente da Diretoria-Executiva da ABRAPCH, explicou que a associação tem defendido há anos que a construção de novos reservatórios de acumulação de agua é a solução para a crise hídrica.

“Este problema hidrológico é muito mais de ‘falta de caixa d’água que falta de água. Ou seja, a falta de espaços para reservar água no período úmido e posterior utilização é a principal causa da crise hídrica dos últimos anos”, disse Arbex.

Royalties – Outro fator abordado no debate foi a contribuição financeira das hidrelétricas para a proteção dos recursos hídricos no Brasil. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), por exemplo, em 2018 foram pagos mais de R$ R$ 2,5 bilhões pelas usinas hidrelétricas a título de Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos e royalties. Desse total, foram destinados à ANA mais de R$ 160 milhões.

Para além dos recursos financeiros, o presidente da ABRAPCH criticou a desinformação que circula na sociedade “Não chega para a população a informação de que as hidrelétricas não consomem uma única gota d’água sequer para gerar energia, apenas usam a força da passagem da água por suas turbinas para gerar energia e a devolvem mais limpa e mais oxigenada para o leito dos rios”, lembrou.

Abastecimento x desaceleração do setor – No encontro, houve consenso entre os participantes que a paralisação dos últimos 20 anos da construção de novos reservatórios de água para abastecimento, irrigação e geração de energia tem colocado em risco o abastecimento de água no país. Dos anos 70 pra cá, houve uma desaceleração significativa no setor. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), de 1975 a 1985, o aumento da capacidade de armazenamento de água de usinas elétricas foi 10 vezes maior, se comparado à década 2000-2010.

Em relação a essa desaceleração, o presidente da ABRAPCH acrescentou a gravidade do problema ambiental: “Os verdadeiros problemas dos nossos rios são o lançamento de 50% do esgoto e lixo sem nenhum tratamento nos rios, o desmatamento ilegal nas áreas de drenagens dos rios e a retirada de mais água que os rios suportariam”, disse.

Arbex destacou a contribuição das pequenas hidrelétricas: “São grandes aliadas do meio ambiente e dos recursos hídricos. Nossos associados retiram todos os anos milhares de toneladas de lixo dos rios nas grades de suas usinas, recuperam áreas de Proteção Permanente, monitoram a qualidade da água, a flora, a fauna e a ictiofauna (peixes)” argumentou.

O evento foi realizado com participantes da Agência Nacional de Águas (ANA), Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS), Ministério de Minas e Energia, Ministério de Desenvolvimento Regional, IBAMA, Ministério do Meio Ambiente, Fórum do Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE), Associação Brasileira de PChs e CHGs (ABRAPCH), Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (ABRAGEL) e outras entidades do setor elétrico para discutir o Plano Nacional de Recursos Hídricos.

O balanço do evento foi a compreensão técnica de que é fundamental retomar a construção de reservatórios no Brasil. Para isso, a interlocução do setor elétrico com os órgãos responsáveis pelo meio ambiente e recursos hídricos é indispensável.

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