Analistas projetam primeira queda em quase sete anos para o IPCA-15

A prévia do indicador oficial de inflação pode ficar no mês de julho em terreno negativo pela primeira vez em quase sete anos. A estimativa média apurada pelo Valor Data para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) deste mês é de recuo de 0,08% em relação ao mês anterior. No acumulado de 12 meses, a estimativa média é de 2,87% de alta. A última vez em que o índice apresentou deflação foi em agosto de 2010, quando ficou em 0,05%. Em junho deste ano, houve alta de 0,16%.

 

Se confirmado, o resultado, que será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta, virá na sequência de outro número negativo, já que o IPCA fechado de junho foi uma deflação de 0,23%. Das 23 estimativas de instituições financeiras e consultorias coletadas pelo Valor Data, apenas uma aponta que o resultado do IPCA-15 não será negativo. O intervalo vai de 0,15% de queda a 0,06% de alta.

 

"Dois grupos estão contribuindo para esse patamar baixo da inflação, alimentação no domicílio e combustíveis, os quais deverão apresentar queda de preços em relação a junho", diz relatório da equipe econômica do Santander, que espera deflação de 0,04% para o indicador.

 

Mas a tendência, segundo analistas, é que esse dado negativo seja algo pontual, com o resultado fechado de julho ficando pouco acima da estabilidade. "Na segunda quinzena de julho há o efeito da energia elétrica, com a passagem da bandeira verde para amarela, fazendo que o IPCA fique no terreno positivo no mês", diz Thiago Curado, economista da 4E Consultoria. Ele cita também os efeitos do reajuste de preços anunciado pelo Eletropaulo no fim de junho.

 

As projeções de deflação do IPCA-15 ganharam força somente na última semana. A mediana das estimativas divulgadas ontem no boletim Focus do Banco Central aponta queda de 0,04% do indicador, contra alta de 0,04% calculada na semana anterior. Já a mediana do IPCA fechado do mês caiu de 0,19% para 0,17%.

 

Em linha com o mercado, a 4E Consultoria espera alta de 0,2% do IPCA em julho, mas aguarda a divulgação da prévia da inflação para revisar o número para baixo, para um patamar próximo a 0,1%. A consultoria não faz projeção para IPCA-15.

 

A grande diferença entre os dois indicadores está no período de coleta de preços – no caso do IPCA-15, ocorre entre o dia 16 do mês anterior e o dia 15 do mês seguinte e ao longo de todo o mês no caso do IPCA.

 

"O IPCA-15 de julho ainda deve ter muita influência dos alimentos", avalia Márcio Milan, economista da Tendências. "O grupo Alimentação e Bebidas começa a apresentar resultado um pouco mais forte de aceleração [na segunda metade do mês], e isso deve pressionar de forma minimamente relevante o IPCA fechado de julho."

 

Além de mudanças na bandeira tarifária e da maior pressão dos alimentos nos 15 dias finais, Milan afirma que a queda no preço dos combustíveis deve ser mais amena em julho, podendo haver até alguma inflação da gasolina e do etanol no período. Para os números parcial e fechado do mês, os cálculos da Tendências apontam inflação de 0,06% e 0,35%.

 

Todas as projeções colhidas pelo Valor Data também indicam em julho um IPCA-15 no acumulado de 12 meses abaixo de 3%, o piso da meta de inflação. Segundo a equipe econômica do Goldman Sachs diz em relatório, diversos fatores são os responsáveis por tamanha queda da inflação: "uma recessão de proporções históricas"; "uma política monetária mais rígida, perseguida por uma autoridade monetária com credibilidade"; a apreciação do real; a ancoragem das expectativas e o choque positivo da oferta de alimentos.

 

Fonte: Valor Econômico.

 

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