A Cemig fechou o ano de 2016 com 22.200 obras em atraso, sendo 17.500 na zona rural e 4.700 no perímetro urbano. As informações são do diretor de distribuição e comercialização da empresa, Luís Fernando Paroli Santos. “A Cemig estaria universalizada em 2014, mas se verificou que tinha 30 mil obras rurais e 9.000 urbanas em atraso. Fizemos um plano de recuperação com a Aneel no sentido de recuperar essas obras. Hoje, o número é de 17.500 obras (rurais) em atraso, não necessariamente as mesmas”, diz o diretor. Segundo Paroli, as 39.000 obras em atraso foram herança da gestão anterior do Estado.
Neste ano, segundo o presidente da Cemig, Bernardo Salomão, em entrevista exclusiva para O TEMPO, a empresa vai investir R$ 1 bilhão para acabar com o déficit das 4.700 obras urbanas e deixar apenas 5.000 rurais pendentes. No ano passado, a empresa investiu R$ 800 milhões, envolvendo essas obras, sendo que R$ 350 milhões no meio rural, e restante em obras urbanas, manutenção de rede e investimentos como redes, linhas e subestações novas. Esse valor representa 32% do lucro da empresa em 2015, que foi de R$ 2,5 bilhões. “Temos que botar essas obras em dia, é uma questão real e temos que trabalhar pra resolver. Deixar o sistema robusto”, disse Salomão.
Dificuldades. A falta dessas obras, além de atrasar o processo de cobertura completa de energia no Estado, causa a diminuição da qualidade do serviço prestado ao cliente, gerando prejuízos tanto no campo como na cidade. O produtor de queijo José Nestor Checlr, que tem uma propriedade em Pedra Preta, região rural de Três Corações, relata que chegou a perder 10 quilos de queijo diariamente quando ficou quatro dias sem energia elétrica em outubro do ano passado. “O meu caso não é isolado, muitos produtores relatam perda de produção de leite na região”, conta José Nestor, que é gerente do Sindicato dos Produtores Rurais de Três Corações e São Bento Abade. No Sul do Estado, foram registrados em 2015 e 2016, 66 boletins de ocorrência por demora no religamento ou queda de energia elétrica, cuja rede é responsabilidade da Cemig, segundo a Polícia Militar (PMMG).
As áreas urbanas também sofrem com a demora da Cemig. No Vale do Sol, bairro de Nova Lima, os novos moradores de uma parte da avenida Mercúrio esperam há pelo menos dois anos a ligação de energia por parte da Cemig, sendo que há um poste com luz há cerca de 200 metros. “Entrei em contato com a Cemig no início de 2016, quando comecei minha obra e eles ainda não fizeram a ligação. Minha obra deve acabar em sete meses e imagino que ainda não terá energia”, relata o arquiteto Eduardo Miranda Ferreira, 43. Ele optou por alugar um gerador e gasta mensalmente R$ 500 entre aluguel e combustível. A falta de iluminação pública preocupa o vizinho de Eduardo, o empresário Juliano Meneses Soares, 33. “Na época da minha obra, sofreu três arrombamentos”, conta.
Fonte: O TEMPO
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