Como compromisso na COP 21, em abril, o Brasil se colocou a meta de alcançar 10% de ganhos de eficiência energética no setor elétrico até 2030, o que levaria à redução de 17% nas tarifas até lá. Em estudo da PSR, porém, a consultoria aponta que é possível chegar a ganhos maiores, de até 27% de redução nas tarifas a partir de ações mais eficientes.
Para chegar a 27%, o país teria que alcançar 20% de redução no consumo de energia até o horizonte estipulado pelo Acordo de Paris. O volume levaria a uma redução de investimentos acumulados no Sistema Interligado Nacional (SIN) de 72%, superior aos 42% que seriam atingidos no percentual acordado.
O estudo, divulgado este mês, foi encomendado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Segundo o documento, para cada R$ 1 bilhão de variação nos custos operativos do SIN é possível estimar um impacto tarifário médio de cerca de 1%. O crescimento esperado do mercado até 2030 pela consultoria é de quase 60%.
“A meta de eficiência energética para o acordo pode ser superada. Entendemos que o país pode ser mais ambicioso. Afinal, é mais barato conservar do que expandir”, ressaltou o diretor da PSR, Rafael Kelman, durante reunião do Conselho de Energia da Firjan, nesta quinta-feira (23/6).
Entre os maiores potenciais nacionais de redução de consumo estão a iluminação pública e a força motriz. Segundo a superintendente de Eficiência Energética da Eletrobras, Renata Falcão, os sistemas motrizes correspondem a um potencial de redução de consumo nas indústrias de cerca de 60%.
Indústria
O Procel possui como um dos principais projetos para a classe industrial o programa nacional para otimização de sistemas motrizes, sendo a primeira fase com foco em sistemas de ar comprimido. O programa tem custeio estimado de R$ 1,7 milhão, com investimento de R$ 14,1 milhões e prazo de execução de quatro anos, porém ainda falta incentivo.
“Tivemos uma reunião essa semana com o Eduardo Azevedo [secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, nomeado no dia 17/6], que vê com muita atenção a eficiência energética, inclusive para a indústria. Ele já ouviu a CNI e a Abrace, por exemplo, e está super sensível ao tema”, informou a executiva durante a reunião.
Atualmente, a Aneel está com uma chamada de projeto prioritário aberta que busca promover a eficiência energética no segmento de força motriz, com concessão de bônus para as concessionárias para a troca de motores antigos ou recondicionados.
Segundo o especialista do Instituto SENAI de Tecnologia Ambiental, Ricardo Bicudo, as maiores causas de desperdício no uso de motores industriais são perdas internas; rendimento; superdimensionamento dos equipamentos; fator de potência; rede de alimentação, com aquecimento ou mal dimensionamento de cabos; e manutenção e perdas mecânicas.
Além de motores, outro grande potencial de redução de consumo apontado pelos conselheiros são as instalações industriais de micro e pequenas empresas. O Procel possui um projeto também para atuar no segmento. O plano inclui inicialmente o Rio de Janeiro, porém visando à replicação para outros estados do país. A estimativa de custeio é de R$ 715,2 mil, investimentos de R$ 605,2 mil e prazo de execução de dois anos.
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