O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) reviu a previsão de chuva para o mês de abril, de 83% para 70% para as regiões Sudeste e Centro-Oeste. Com isso, o nível dos reservatórios caiu de 40,7% para 36,5% – exatamente o volume de armazenamento verificado na quinta-feira. Na prática, isso significa que toda água que cair nas represas neste mês será consumida. Não haverá um ponto porcentual de acréscimo nas usinas ao final deste mês.
A revisão é um sinal de alerta, já que no começo de março o ONS esperava fechar o período chuvoso com 43% de armazenamento. Na ocasião, o próprio diretor-geral do operador, Hermes Chipp, afirmava que esse era o patamar indicado para garantir o suprimento de energia sem sobressaltos até o início das chuvas, entre outubro e novembro.
Apesar das previsões dos meteorologias, de baixo volume de chuvas para este mês, o governo federal ainda jogava suas fichas numa mudança de cenário para evitar um racionamento. Mas, pelas contas da consultoria PSR, com base nos dados de março, a probabilidade de o País ter de adotar um programa de redução de consumo (acima de 4% da demanda) já está em 46%. Com a nova revisão do ONS, é possível que esse porcentual suba um pouco mais.
No relatório divulgado ontem pelo operador, ele explica a frustração das previsões da semana passada e das próximas. Houve chuva fraca a moderada nas principais bacias que alimentam os reservatórios das hidrelétricas. “Para a semana de 5 a 11 de abril, a previsão é de que a passagem de uma frente fria ocasione chuva fraca e moderada nas bacias hidrográficas da região Sul e chuva fraca nas bacias das regiões Sudeste e Centro-Oeste”, informou o ONS, na revisão do Programa Mensal de Operação.
Diante desse quadro, o chamado custo marginal de operação (CMO) do sistema, fortemente influenciado pela hidrologia, teve aumento nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, passando de R$ 937,64 o megawatt hora (MWh) para R$ 1.303,77 o MWh. Além de determinar a entrada em operação das termoelétricas, esse preço é indicador de que seria mais barato um corte de carga do que a geração de energia.
O preço no mercado à vista (PLD), praticamente um espelho do CMO, permaneceu no valor máximo de R$ 822,23 o MWh para a próxima semana, fator que continuará pressionando o caixa das distribuidoras. As empresas estão sem contrato para atender 100% do mercado e, por isso, estão expostas ao mercado à vista.
Para muitos especialistas, a decisão do governo de esperar até o fim do mês para tomar alguma medida é um erro. O cenário já tem mostrado que o nível dos reservatórios continuará baixo. Nivalde Castro, da UFRJ, defende uma campanha para redução voluntária do consumo. “Não está chovendo e o consumo continua alto. A tendência é que o risco de racionamento continue aumentando.” Ele não acredita, no entanto, que o governo de Dilma Rousseff vá adotar um programa à la Fernando Henrique Cardoso. Até porque isso poderia prejudicar a campanha da presidente à reeleição.
Fonte: O Estado de S. Paulo – 05/04/2014
Comentário do Instituto Ilumina:
Avalie você mesmo a situação. Os 4 primeiros gráficos mostram a situação atual da energia das afluências comparadas com a média de longo termo.
O último gráfico mostra o estoque por região.
As regiões Sul e Norte apresentam comportamento parecido com a média, mas representam apenas 12% do total. Os outros 88% estão indo muito mal.
A carga está no entorno de 65.000 MW médios. A expectativa é que agora se inicie o período seco no Sudeste, justamente a maior “caixa d’água”.
Fonte: Instituto Ilumina – 05/04/2014
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