PCHs têm meia Itaipu na gaveta

Para os diretores da Associação Brasileira de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas (ABRAPCH), o aumento da presença das usinas movidas a gás, óleo diesel e carvão mineral nos últimos anos decorre não só de erros no planejamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável pela realização dos leilões de energia nova, mas também de uma ação seletiva do governo.

Eles receiam que a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) tenha criado dificuldades extras para a entrada em cena de milhares de usinas de pequeno porte, capazes de substituir de forma permanente boa parte das termelétricas de retaguarda e que hoje estão em atividade há 19 meses seguidos.

“Encaminhamos à diretoria executiva da ANEEL e ao Tribunal de Contas da União (TCU) nossa queixa formal contra a resistência do órgão regulador em aprovar pareceres para a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs)”, protestou Ivo Pugnaloni, presidente da ABRAPCH.

Segundo ele, o maior foco da resistência está na Superintendência de Gestão e Estudos Hidroenergéticos (SGH) da agência, cujas cobranças burocráticas retardariam projetos em pelo menos cinco anos.

Pelos cálculos da própria Aneel, existem cerca de 1,16 mil propostas de novas PCHs ainda por serem avaliadas, que acrescentariam mais 10,3 mil MW ao Sistema Interligado Nacional (SIN) nos próximos três anos.

“Mas há 640 projetos prontos para iniciar a operação, gerando 7 mil MW, quase meia Itaipu. É uma pena, porque, para o tipo de usina que construímos, o único risco operacional é o hidrológico. Mas ocorre que, em razão do pequeno porte, esse mesmo risco é bem menor que o verificado nas grandes usinas atualmente”, observou Pugnaloni.

O executivo questiona a prioridade dada pelo governo a grandes construções hidrelétricas, como as usinas do Norte, como Belo Monte, no Rio Xingu (PA), com custos estimado em R$ 30 bilhões, fortemente subsidiadas pela União. “Se as autoridades do setor elétrico não dificultassem tanto a expansão das fontes renováveis, as termelétricas só seriam usadas nas emergências, sem gastar R$ 32 bilhões para tentar evitar o apagão”, finalizou. (SR).

Fonte: Correio Brasiliense – 24/03/2014

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