AbraPCH sai sem promessa de leilão mas diz estar otimista com a inserção da fonte na matriz

A AbraPCH deixou a reunião com o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, sem a sinalização de que as PCHs e as CGHs terão a contratação de projetos esse ano, conforme é a meta da entidade. Contudo, o saldo do encontro é avaliado como positivo e deixa os empresários do setor esperançosos de que a atual situação de baixo nível de contratações seja revertida. Agora os próximos passos da entidade é de fazer um verdadeiro road show da fonte com os demais órgãos governamentais para promover a volta dessas usinas de forma competitiva na matriz elétrica.

 

Segundo o presidente do Conselho de Administração da AbraPCH, Valmor Alves, o objetivo agora é de agendar uma reunião com o futuro presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Luiz Barroso. A meta é a de incluir de forma definitiva a fonte no planejamento do setor. Ele criticou a postura do presidente que está de saída da EPE, Maurício Tolmasquim, que em sua avaliação não acreditava na fonte e que por isso, apontou, ficou à margem da expansão. "Temos perdido espaço, assim como a hidráulica como um todo. Temos potencial de injetar cerca de 10 mil MW de capacidade instalada, é quase uma Belo Monte, e com a particularidade de não necessitar de grandes obras de transmissão.

 

Outra característica é que todo esse potencial está distribuído por estados como São Paulo, Mato Grosso, Goiás, nos três estados do Sul do país, então, temos a possibilidade de não concentrar riscos que grandes obras apresentam, seja na hora da construção ou na transmissão, como vemos atualmente com a questão da Abengoa", afirmou o executivo à Agência CanalEnergia. Alves destacou ainda que a ideia da AbraPCH é de ressaltar essa característica de descentralização do risco e ao mesmo tempo que promove uma oportunidade para o crescimento de pequenos geradores pelo país. E ainda, os ganhos ambientais que a fonte promove quando comparada, por exemplo, com os cerca de R$ 70 bilhões que foram queimados com o uso das térmicas a combustíveis fósseis na crise que setor passou recentemente, principalmente entre 2014 e 2015. "As usinas contratadas esse ano são para daqui a pelos menos três ou cinco anos, ou seja, em um período no qual a economia estará em crescimento novamente.

 

Se não houver ainda teremos que recorrer a térmicas. Nos últimos dois anos, literalmente, queimamos R$ 70 bilhões e isso com um potencial de 10 mil MW em PCHs e CGHs. Esses valores poderiam ser utilizados para construirmos essas usinas que têm uma vida útil que pode chegar a até 100 anos", indicou ele quando questionado ao fato de que o LER previsto para 29 de julho ter sido cancelado justamente pelo momento de sobrecontratação pelo qual passa as distribuidoras. A participação da fonte seria, neste momento, por meio de leilões em função da necessidade de se apresentar ao BNDES PPAs de longo prazo e que só se consegue por meio da contratação junto aos certames da Aneel. Segundo ele, o leilão deveria levar à contratação de algo entre 400 a 500 MW de nova capacidade instalada, fator que em sua avaliação, é o mínimo para que a estrutura existente hoje em termos de cadeia de fornecimento se mantenha. Contudo, o presidente do conselho da entidade diz que o modelo precisa ser revisitado e que uma alternativa seria a de evitar variações tão abruptas do PLD. Ele lembra que variações tão significativas vistas em 2014, quando o mínimo estava na casa de R$ 30/MWh e o máximo em R$ 822/MWh e até mesmo os limites regulatórios atuais inviabilizam o mercado livre para a fonte.

 

Em sua opinião, um nível de PLD com menor variação e em um nível mais elevado evitaria a necessidade desses PPAs porque o preço se aproximaria da realidade de custos do setor. Na reunião, a associação afirmou ao ministro que o volume de contratação de PCHs e CGHs nos últimos 11 anos foi de apenas 1,30% do total, em média 120 MW por ano, quantidade classificada como muito abaixo do mínimo necessário para manutenção de uma cadeia produtiva e de empreendedores.

 

O presidente executivo da entidade, Paulo Arbex, também citou que em 2014 e 2015, houve um enorme desequilíbrio, pois foram contratados apenas 278 MW de PCHs e CGHs, e em contrapartida 4.943 MW de UTEs Fósseis, 3.423 MW de eólicas, 2.823 MW de Solares e 600 MW de Biomassa. Além disso, os empresários e representantes da cadeia produtiva do setor de energia, também puderam relatar ao ministro e sua equipe, que devido a baixíssima contratação de PCHs e CGHs, aumentou a ociosidade de serviços nas empresas, o que resultou na necessidade de redução de até dois terços do quadro de funcionários. 

 

Fonte: Canal Energia

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