O governo pretende definir os preços-teto "mais realistas possíveis" para leilões de contratação de novas usinas de energia, com o objetivo de atrair investidores e garantir a capacidade de financiamento dos projetos, afirmou à Reuters o presidente da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Barroso, que assumiu o cargo no último mês.
Para Barroso, que tem forte interação com o setor privado devido à sua atuação prévia como diretor da consultoria PSR, especializada em energia, o maior desafio para a expansão da oferta de energia do Brasil será a financiabilidade, o que está ligado às condições oferecidas nos leilões.
"Os preços precisam ser realistas e fornecendo o sinal econômico correto. Só com base nestes princípios que podemos ter o desenvolvimento de mercados sustentáveis, caso contrário, criaremos mercados 'falsos' com base em subsídios, e dessa forma, insustentáveis", afirmou Barroso, em entrevista por e-mail.
Segundo ele, a EPE, órgão de planejamento do Ministério de Minas e Energia, trabalhará em conjunto com a pasta no planejamento e construção das licitações.
"Isto inclui a reavaliação contínua das condições do certame, para verificar se os riscos e as condições de mercado estão refletidos nos preços-teto", comentou.
O novo presidente disse que a EPE terá ainda "um papel participativo no aperfeiçoamento do ambiente de negócios da indústria energética", o que poderá envolver no futuro a realização de eventos sistemáticos junto ao mercado financeiro e a investidores.
"Teremos uma forte ação da EPE, em conjunto com o ministério, para aumentar a comunicação, explicar o porquê de medidas e propostas e conversar com o mercado", afirmou.
"Se não pudermos contar com as hidrelétricas, iremos buscar as alternativas, que terão custos diferentes e estes serão explicitados para a sociedade", disse.
Segundo Barroso, a EPE pretende ter metodologias e ferramentas computacionais que possam capturar os atributos de cada fonte de geração e compará-los para definir a melhor forma de expandir a matriz elétrica.
"Este processo permite blindar o planejamento das usuais pressões setoriais…da fonte A, B ou C", afirmou.
Ele disse que também serão estudados outros possíveis aprimoramentos nos leilões, como os critérios para habilitação dos participantes e as características dos contratos, assim como a eventual realização de licitações focadas em determinadas regiões.
"Esses aperfeiçoamentos serão analisados e discutidos com calma, e inseridos no contexto do aperfeiçoamento do modelo setorial como um todo".
Fonte: Reuters
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