A comercialização de onze Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) vendidas pela CompanhiaParanaense de Energia (Copel) para o Grupo Electra – que movimentou o mercado de energia, no final do mês de novembro – traz novas perspectivas e mudanças significativas no panorama do setor energético brasileiro.
“A venda dos ativos da Copel para o Grupo Electra reflete a tendência global de empresas buscando otimizar seus portfólios e focar em energias renováveis. o Grupo Electra, por sua vez, se consolida como um player importante no mercado de PCHs, aproveitando a oportunidade criada pela reorganização de grandes empresas”, afirmou a presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs, Alessandra Torres de Carvalho.
A aquisição das usinas localizadas no Paraná, que também incluiu uma termelétrica e um parque eólico para a Electra por R$450,5 milhões, permitiu a empresa quase dobrar a sua carteira de PCHs, passando de 13 para 24 e consolidando sua posição entre as dez maiores empresas do segmento.
“As pequenas hidrelétricas (PCH) e centrais geradoras hidrelétricas (CGH) têm um papel fundamental no futuro do sistema elétrico brasileiro pois, além do baixo impacto ambiental, esses projetos podem ter reservatórios de regulação que garantem a oferta de energia limpa, firme e competitiva próxima dos centros de carga”, afirmou Claudio Alves, presidente do Grupo.
Segundo ele, nesse contexto, o Grupo Electra está satisfeito em poder contribuir com o desenvolvimento desse mercado desde o início das suas atividades. “Vale lembrar que a comercializadora Electra Energy foi a responsável pelo primeiro contrato entre PCH e consumidor especial no mercado livre”, completa Claudio.
Diferencial da aquisição
A aquisição foi feita pela Intrepid Investimentos e Participações S.A, holding do Grupo, por meio de sua subsidiária integral Electra Hydra. Entre os diferenciais na aquisição estão, em primeiro lugar, os parceiros. Do investimento total de R$ 450,5 milhões, aproximadamente 70% foram aportados pela JiveMauá – por meio da emissão de debêntures da Electra Hydra, adquiridos por fundos de infraestrutura e de crédito da mesma – outro agente fundamental no processo foi a Siga Gestora de Recursos, parceira do Grupo Electra, que formatou a estrutura de capital da operação.
A Electra possui PPAs (Power Purchase Agreements) que garantem a compra da energia gerada pelas usinas, o que agrega valor aos ativos adquiridos, podendo chegar a R$1 bilhão.
“Outro destaque da estrutura da transação foi o desenvolvimento de recebíveis de longo prazo (PPAs com mais de 10 anos) para a comercialização de energia a ser produzida pelos ativos, sendo os mesmos já direcionados para esse tipo de operação. Esse modelo de estrutura assegura uma geração de caixa constante e estável de longo prazo, necessária e típica para operações de infraestrutura no mercado de capitais”, destaca Cláudio.
A transação ainda precisa da aprovação do Cade, Aneel e Ministério de Minas Energia.
O mercado das PCHs e CGHs para os próximos anos
Para o presidente do Grupo Electra, o mercado de PCH e CGHs tem tudo para continuar avançando nos próximos anos graças ao potencial disponível da fonte, suas vantagens ambientais e seus benefícios para o setor elétrico.
“Neste sentido, é importante destacar que ativos desse tipo não são despachados centralizadamente pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – como é o caso das usinas que adquirimos da Copel –, de modo que podem armazenar água e gerar nos momentos de preços mais altos, e dessa forma, atuar como verdadeiras baterias naturais e como um hedgefinanceiro para outros ativos de geração, como usinas solares”, informa.
Outra vantagem dessas usinas e que tendem a estimular o seu desenvolvimento, segundo ele, é que não estão expostas às variações das condições dos submercados e de curtailment, que vem afetando fortemente o setor de energia renovável.
“Além disso, a perspectiva de abertura completa do mercado livre coloca a fonte entre as protagonistas desse processo, tendo em vista que cada vez mais clientes poderão buscar sua energia livre, limpa e competitiva nesse ambiente de contratação”, completa.
Entre outros pontos positivos na aquisição estão, por exemplo, que a termelétrica adquirida peloGrupo será desativada, o que reforça o compromisso da empresa com energias renováveis. Já o parque eólico, apesar de operacional, receberá investimentos em novas tecnologias para aumentar sua eficiência. Já a JiveMauá, gestora de fundos de investimento, entra como um player fundamental na transação, demonstrando a crescente participação de fundos no financiamento de projetos de infraestrutura no Brasil.
Localização das usinas adquiridas
Os ativos adquiridos somam 118,7 MW de capacidade instalada, ampliando o potencial de geração hidrelétrica do grupo para 186,4 MW, divididos em 24 usinas. Localizados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, e agora Paraná todas as participações dos ativos hídricos do grupo passarão a ficar concentrados na recém-criada subsidiária Electra Hydra.
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