A ligação entre as metas para o net zero e a redução das desigualdades sociais


Alguns podem questionar qual a ligação entre as metas para o net zero e as desigualdades sociais no Brasil mencionadas pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, em Paris? O presidente deixou um recado: “não adianta tratar das mudanças climáticas sem tratar da pauta da desigualdade, no mesmo patamar de prioridade”. Esta mensagem remete a reflexões importantes sobre o papel da energia elétrica versus as metas do net zero.

No seu discurso, Lula chamou a atenção das mais de 300 entidades públicas, privadas e não governamentais presentes no evento, inclusive mais de 100 chefes de Estados, para as questões da Amazônia, das mudanças climáticas, dos acordos comerciais e internacionais. Ele enfatizou também que a matriz elétrica do Brasil se destaca por ser uma das mais limpas do mundo (sendo que 87% da energia brasileira é renovável, contra 27% do restante do mundo). Cabe destacar que em torno de 60% da capacidade instalada de nossa matriz elétrica é hídrica.

Pensando sob o ponto de vista do net zero, a fonte hídrica é responsável pela geração de energia com as menores emissões de CO2, de acordo com Estudo da EPE, Empresa de Pesquisa Energética, mencionado na Nota Técnica EPE/DEA SMA 012/22. Segundo este estudo, todas as fontes renováveis emitem menos gases de efeito estufa em comparação às fontes convencionais. E, em sendo comparado apenas às fontes renováveis (o que inclui eólica e solar), a hídrica é a menor emissora de CO2, considerando toda a cadeia produtiva, somada à sua vida útil, de mais de 100 anos.

Há outros pontos que devemos considerar sobre as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), como o fato de estarem instaladas próximas aos centros de consumo, tecnologia e cadeia produtiva 100% nacional, enquanto outras fontes possuem a maior parte de seus equipamentos de origem importada.

Soma-se a isso, geração de receita e impostos. Estudos comprovam que as PCHs e CGHs geram 1,6 x a 2,8 mais empregos diretos e indiretos por MWh. Outro dado importante apresentado nesse estudo é o incremento no PIB Per Capita nos municípios que tem PCH em operação. Soma-se a isso, a melhora nos indicadores socioeconômicos- IFDM, IDHM e Gini- considerando o fomento da economia local graças ao empreendimento instalado.

Estados e municípios recebem impostos que se traduzem em benefícios e melhoria da qualidade de vida da população. Reduzir desigualdades é reduzir custos da energia elétrica e aproveitar melhor as características naturais de cada fonte. As hidrelétricas funcionam como verdadeiras baterias para estabilizar e prover o sistema elétrico da flexibilidade operativa
necessária, especialmente devido à intermitência das fontes eólica e solar. Por estarem localizadas de forma distribuída em praticamente todo o território nacional, otimizam o sistema de transmissão, reduzindo e/ou postergando investimentos e reduzindo perdas. Levando-se em conta o impacto nas tarifas de energia pagas pelos consumidores, as hidrelétricas autorizadas até 50 MW são seguramente a fonte de geração de energia mais barata para o consumidor.

Por isso, não posso deixar de mencionar que o Brasil possui um potencial de 8,7 GW (Potencial com Despachos de Registro de Adequabilidade do Sumário Executivo (DRS) ou projeto básico aprovado na ANEEL. Fonte: SIGA/ANEEL (junho/2023) para implantação de centrais hidrelétricas de pequeno porte no curto ou médio prazo, com projetos localizados de forma distribuída em praticamente todo o território nacional, mas que ainda sofrem pressões por parte de formadores de opinião, que desconhecem a sua importância para o Brasil ter cada vez mais uma fonte limpa, renovável, barata e que contribui para a redução da desigualdade social, porque gera empregos, renda e desenvolvimento econômico aqui no Brasil, pois possui uma cadeia produtiva totalmente nacional.

Desigualdade social se reduz com emprego, renda e menor Custo Brasil.

Artigo
Charles Lenzi – ABRAGEL.

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