Novas contratações são impulsionadas pela ampliação de investimentos na área de energia renováveis

Companhias de energia estão ampliando quadros para incluir mais gestores ligados à produção de renováveis. De acordo com pesquisa sobre a expectativa de contratação para o próximo trimestre no Brasil, realizada pelo ManpowerGroup, de recrutamento e seleção de profissionais, o setor de energia e serviços de utilidade públicas é o que mostra a maior intenção de admissões, com 50% do total, entre nove segmentos avaliados.

Para efeito de comparação, o setor concentra mais possibilidades de trabalho do que a área de tecnologia (41%), tradicionalmente conhecida pela demanda contínua de currículos, explica Nilson Pereira, country manager do ManpowerGroup Brasil. A pesquisa ouviu 1.020 empregadores no país, entre 3 e 28 de abril.

Entre os estados com maior expectativa de contratação em todos os setores avaliados, o destaque é Minas Gerais, com 40%, antes do Rio de Janeiro (33%) e São Paulo (31%). “Isso se deve principalmente ao setor de energia renovável [no estado], que vem recebendo fortes investimentos e ampliando seleções”, afirma Pereira.

Desde o ano passado, Minas Gerais é líder em produção de energia solar no Brasil, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Segundo o estudo, feito em parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o estado concentra 30,9 mil megawatts (MW) de potência para geração e consumo de energia solar, entre usinas operacionais e em construção.

“Nos últimos três anos, montamos um portfólio de renováveis por meio de parcerias e aquisições, se posicionando como empresa de energia em mercados maduros, como os de energia elétrica e etanol; e em segmentos com potencial de crescimento rápido, como o de biogás, diesel verde, combustível sustentável de aviação e eletromobilidade”, explica Aspen Andersen, vice-presidente de gente e tecnologia da Vibra Energia, com 3,3 mil funcionários.

De acordo com o executivo, a corporação fundada em 1971 como subsidiária da Petrobras e privatizada em 2019, já investiu cerca de R$ 4 bilhões em soluções na área de renováveis. Prova disso foi a recente criação de uma vice-presidência dedicada ao setor. A unidade será comandada por Clarissa Sadock, ex-CEO do grupo de energia AES Brasil, que assume a partir de agosto.

Na CPFL Renováveis, constituída pelo Grupo CPFL em 2011, foram contratados 50 profissionais, entre diretos e indiretos, somente no ano passado. A empresa de 600 funcionários (4% do total do grupo) conta com oito usinas hidrelétricas, 49 parques eólicos, 46 pequenas centrais hidrelétricas e oito unidades movidas a biomassa, além de duas termelétricas e uma usina solar, em oito estados.

“A estratégia para os próximos anos é qualificar pessoas que residam próximas aos nossos parques eólicos”, afirma Francisco Galvão, diretor de operações da CPFL Renováveis. Um dos cursos, no Rio Grande do Norte, acontece de agosto a fevereiro de 2024 e é aberto às comunidades indígenas – formará auxiliares de manutenção de sistemas elétricos para os complexos eólicos.

Especialistas em seleção de executivos afirmam que a disputa por gestores deve se acirrar nos próximos meses por conta de investimentos já empenhados em novas operações. No Rio Grande do Norte, por exemplo, o governo estadual acaba fechou um acordo com a multinacional chinesa Citic Group Corporation para a construção de uma usina de energia solar no município de Assú, a 200 quilômetros de Natal, com investimentos estimados em R$ 2,5 bilhões.

Em São Paulo, o Plano Estadual de Energia 2050, de incentivo a ações de transição energética e à redução de emissões de gases de efeito estufa, identificou em maio 21 projetos que somam R$ 16,8 bilhões em investimentos privados. Pelo menos dez estão em fase de implementação, segundo informações do governo paulista, e incluem a produção de carros que utilizam motores híbridos como alternativa à gasolina e a construção de fábricas que geram energia a partir do bagaço de cana. Empresas como Raízen e Toyota comandam algumas das ações.

No final de junho, um megaleilão entregou nove lotes de concessões para construção e manutenção de 6,1 mil quilômetros de linhas de transmissão de energia, cm seis estados. Oito empresas ou consócios programam investimentos de R$ 15,7 bilhões nos próximos anos e o certame foi considerado o maior, no nicho de transmissão, realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – deve gerar 29,3 mil empregos diretos.

A movimentação de executivos no setor é tão expressiva que provoca mudanças também entre grandes marcas de seleção de profissionais. Em março, a Fesa Group, consultoria em recursos humanos fundada em 1995, anunciou fusão com a Select Humans for Energy, que desde 2015 atua no encaminhamento de currículos para a indústria de energia. “O objetivo é reforçar a equipe no segmento”, diz Carlos Guilherme Nosé, CEO da Fesa Group.

No mesmo mês, a WorldWide Recruitment Energy, agência especializada em recrutamento no setor de energia, criada na Espanha em 2015, firmou parceria com a brasileira Energizar Consultoria, no mercado desde 2020, para identificar perfis no mercado de renováveis. O garimpo de talentos deve servir tanto para achar executivos globais para firmas locais, como indicar oportunidades para brasileiros na Europa.

De acordo com Luisa Gentil Blandy, vice-presidente e sócia da Fesa Group, os salários no segmento podem variar de acordo com o porte do empregador. “Em geral, as cadeiras na gerência têm faixa salarial de R$ 25 mil a R$ 35 mil, enquanto posições na diretoria pagam de R$ 35 mil a R$ 60 mil”, compara.

A capacitação de pessoal também está na mira das organizações. A Elgin, conhecida pela fabricação de máquinas de costura, mas que hoje produz e distribui equipamentos fotovoltaicos, treinou mais de dois mil integradores de sistemas, entre janeiro e junho.

Por Valor Econômico.
https://valor.globo.com/carreira/noticia/2023/07/13/crescem-as-oportunidades-no-setor-de-energia.ghtml

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