Hidrelétricas vertem água quando estão cheias e não vão usar toda o volume para produção de energia, por causa da demanda. Reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste estão no melhor nível desde 2011.
As hidrelétricas brasileiras registram em 2023 volume recorde de água vertida, ou seja, eliminada pelas barragens sem ser usada na geração de energia, apontam dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Neste ano, até 20 de junho, foi vertido pelas hidrelétricas de todo o país o equivalente a 10.842 MWmed (megawatts-médios). Essa energia seria suficiente para atender a cerca de 90% da demanda dos consumidores do Nordeste, segundo o ONS.
É o maior valor da série histórica do ONS, que começa em 2000. O número equivale a quatro vezes a quantidade de água vertida em todo o ano de 2022 (2.594 MWmed).
Reservatórios cheios
O cenário é reflexo do excesso de chuvas dos últimos meses, que elevou fortemente o nível dos reservatórios. Ao final de junho, os reservatórios de hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste, onde fica a maior capacidade de geração do país, registravam armazenamento médio de 86%, o melhor índice desde 2011.
As hidrelétricas vertem água quando os reservatórios estão cheios, o que pode acontecer mesmo que uma usina não esteja gerando na capacidade máxima. Isso se deve ao fato de a produção de energia variar de acordo com a demanda dos consumidores, que flutua ao longo do dia.
A quantidade de água vertida neste ano só não foi maior porque o país exportou energia para Argentina e Uruguai.
De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), foram vendidos aos dois países vizinhos 4.924,9 MWmed, de janeiro a maio, energia suficiente para abastecer o Distrito Federal por seis meses ou o Tocantins por um ano. Essa exportação gerou uma receita de cerca de R$ 600 milhões.
Setor viveu crise
Essa melhora no setor elétrico brasileiro ocorre apenas dois anos depois da forte crise provocada pela escassez de chuva e que trouxe de volta o fantasma do risco de um novo racionamento de energia no país.
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