Estudo do Cebds mostra que empresas com operações globais veem país com boa possibilidade de ajudar na redução das emissões.
Empresas de diferentes setores com operações globais têm percebido o Brasil como um país com oportunidades para o atendimento de metas de redução de emissões e investimento em fontes renováveis de energia. Esse cenário considera o uso de tecnologias já empregadas no país, como solar e eólica em terra, e outras ainda em estudo, caso da eólica no mar. É o que mostra levantamento feito pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds). O trabalho constata, porém, que a maior dúvida paira hoje sobre a sustentabilidade dos investimos a longo prazo.
O documento, elaborado pelo Cebds, engloba entrevistas com membros de 22 empresas que apontam o interesse em buscar maior eficiência operacional como forma de reduzir emissões de escopo 1, aquelas ligadas diretamente às operações das companhias. As empresas da amostra olham também para o consumo de energia elétrica produzida 100% a partir de fontes renováveis e que se relaciona ao escopo 2, que inclui a compra de eletricidade. Mas talvez o caso mais desafiador esteja na redução de emissões do escopo 3, que se vincula à cadeia de fornecedores e requer o cumprimento de requisitos de boas práticas socioambientais por toda a cadeia de valor.
Viviane Romeiro, diretora de clima, energia e finanças sustentáveis do Cebds, listou exemplos de soluções que podem ser adotadas de forma imediata por empresas: a compra ou a auto-produção de energia renovável; a gestão da demanda; ações de eficiência energética tanto para o uso de energia como em outros processos industriais; e o uso de biocombustíveis nos transportes.
“Reduzir as emissões de gases de efeito estufa associadas à produção e consumo de energia é um dos grandes desafios da transição para uma economia de baixo carbono”, disse Romeiro.
O Cebds nota que empresas do setor elétrico, como Eletrobras, Elera, Norte Energia, Energisa e Neoenergia, vêm investindo em projetos de energia renovável. Mais recentemente companhias com origem no setor de óleo e/ou gás natural passaram a investir em projetos de energia renovável, com o objetivo de se transformarem em empresas integradas de energia, como Shell e Eneva.
Entre as principais barreiras à redução das emissões, o estudo do Cebds indica a necessidade de uma regulação própria para viabilizar o início de alguns mercados, como o caso das eólicas em mar, e o avanço de outros.
“O desafio para o futuro é como manter a matriz elétrica renovável no longo prazo, considerando o crescimento da demanda, com expansão da eletrificação dos transportes, maior uso de eletricidade na indústria e a produção de hidrogênio. O que o estudo mostrou é que é possível ter forte expansão da oferta de energia elétrica a partir de renováveis para atender às novas demandas”, diz Romeiro.
Segundo ela, ao traçar planos de geração e transmissão, é importante que o poder público considere as peculiaridades e sinergias entre as fontes, as novas tecnologias, os reforços que o sistema necessita e a evolução da demanda. “Além disso, o poder público pode contribuir com o processo através da modernização das regulamentações do setor elétrico”, afirma.

Por Valor Econômico.
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/05/18/brasil-traz-oportunidade-para-menor-emissao.ghtml

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