Senado vota nesta quarta-feira (14) PL que poderá gerar economia de 21% com contratação de energia de PCHs


PCH Recanto

O Senado Federal deverá votar nesta quarta-feira (14),  o Projeto de Lei nº 27.03, que altera a Lei 14.300 de janeiro de 2022, e aumenta em seis meses o prazo para solicitação de acesso na distribuidora, sem aplicação de novas regras tarifárias e isenção de taxas pelo uso da rede de distribuição, às unidades de microgeração e minigeração distribuída de energia elétrica. O senador Carlos Fávaro (PSD-MT) foi escolhido para relatar a proposta em plenário.

A medida também converte a contratação – prevista nas condições de privatização da Eletrobrás – de 1.500 MW de térmicas do Centro-Oeste em energia gerada por PCHs de até 30 MW (megawatts).

A substituição da contratação de energia térmica pela energia gerada por PCHs deverá gerar uma economia de 21%  ou de R$13 bilhões ao sistema, se comparado  a energia gerada por termelétricas.

“A substituição da contratação de parte do gás destinado ao Centro-Oeste deverá gerar uma economia de 21%, em razão de que a energia das PCHs é mais barata, tem maior vida útil, é limpa, renovável e contribui para a descarbonização do setor elétrico”, analisa a presidente da Abrapch (Associação Brasileira de PCHs e CGhs), Alessandra Torres de Carvalho.

Para a Abrapch a troca de termelétricas do Centro-Oeste por pequenas hidrelétricas visa oferecer as mesmas oportunidades para as diferentes fontes.  “Entre os anos de 2015 e 2022, foram contratados por meio dos leilões de energia, 11.480 MW de capacidade instalada de fontes renováveis, sendo destes 46% de fonte eólica, 26% de fonte solar, 16% de biomassa e 13% de centrais hidrelétricas de pequeno porte”, afirma Alessandra.

Além disso, outro fator preponderante é que as PCHs constroem suas próprias linhas de transmissão, não onerando o consumidor.   O incremento dos custos de transmissão, nos últimos 10 anos, para o escoamento da energia solar e eólica produzida nos estados do Norte e  Nordeste para o centro do país foi da ordem de R$50 bilhões, segundo estudos feitos pela EPE. Isso resulta em um custo adicional no preço da energia gerada de cerca de 80 R$/MWh.

Ela defende que as fontes de energia eólica, solar e hídrica são complementares, evitando impactos ao sistema em casos de intermitência.

Potencial de novos investimentos e geração de empregos

O Brasil tem potencial para expandir a sua capacidade de geração de energia renovável proveniente de Pequenas Centrais Hidrelétricas   em até 13.700 megawatts – aumento em aproximadamente quase 300%. Isso porque, atualmente, as PCHs e CGHs somam juntas 6.350 megawatts de potência instalada, com a possibilidade de chegar a aproximadamente 20.000 megawatts com os projetos já inventariados, segundo a Abrapch.

Estes projetos poderiam resultar na geração de 60 novos empregos por megawatts  e R$10 milhões em investimentos por megawatts instalados.

“Ao todo, são 1.150 usinas em operação no país, com a possibilidade de instalação de outras 1.250, sem contar com o potencial existente no bioma amazônico, que totaliza uma centena de novos possíveis projetos”,  reforça Alessandra.

O que diz o setor 

Empreendedores do setor de PCHs e CGhs em todo o Brasil estão torcendo pela aprovação do Projeto de Lei. Para que se tenha ideia, apenas nos últimos cinco anos, foram investidos cerca de R$7,9 bilhões para a construção de 113 novos empreendimentos no país.

Ao todo, entraram em operação entre os anos de 2018 e 2022, 63 PCHs, totalizando (799 MW) e 50 CGHs (103,31 MW). 

No entanto, os investimentos poderiam ser ainda maiores com a aprovação do PL. “As hidrelétricas possuem fator de capacidade elevado, o que alinhado a bons preços de energia e prazos contratuais mais longos, como a GD pode possibilitar, farão com que diversos grupos canalizem seus investimentos de fontes intermitentes para a fonte hidrelétrica em geral, em especial CGHs e PCHs”, afirma o diretor do grupo, Fabrício Slaviero Fumagalli. 

No centro-oeste, no estado do Mato Grosso, o Grupo Interalli possui três PCHs e outras duas estão em fase de construção no Paraná e em Santa Catarina.   Um dos sócios do grupo na área de energia, Plauto Neto, lembra que ao contrário do que muitas pessoas pensam – a mudança na contratação de térmicas para pequenas hidrelétricas não deverá onerar o consumidor. “Hoje, consumidores de baixa tensão como, por exemplo,  uma padaria, um posto de gasolina ou um pequeno comércio, podem ser adeptos ao sistema de geração distribuída sem qualquer custo, apenas aderindo a uma cooperativa ou consórcio de geração compartilhada. Isso permite, além do desconto na fatura, que  os consumidores tenham a certeza de que a integralidade da energia recebida provém de fontes totalmente renováveis”, completa Plauto.

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