Para diretor do órgão, Brasil possui uma vantagem competitiva em relação a outros países

O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, avalia que a pauta da segurança no suprimento de energia tornou-se tão relevante no mundo como as discussões sobre a descarbonização e a transição energética. E nesse aspecto, analisa, o país possui uma vantagem competitiva em relação a outros que a partir deste ano passaram a buscar redução da dependência de insumos de outras nações.

Enquanto a Europa expôs a alta necessidade do gás para suprir suas respectiva necessidades, afirmou Ciocchi, grande parte oriunda da Rússia, o Brasil possui uma vasta oferta de recursos naturais e energéticos que coloca o país na dianteira em relação a outros países e abre espaço para uma colaboração mais ampla no debate.

Segundo ele, falar em transição sem citar a segurança no fornecimento não faz mais sentido desde que teve início o conflito entre Rússia e Ucrânia. “As sociedades querem energia mais limpa, mais verde e mais segura.”

O executivo está no Egito, acompanhando debates da Conferência do Clima (COP27). É a primeira vez que o ONS participa de uma Conferência do Clima da ONU. O objetivo é entender o que as sociedades no mundo desejam e o que pensam a respeito de descarbonização e transição energética.

Esse diálogo se faz necessário porque o ONS, como a maior parte dos operadores de sistemas elétricos no mundo, foi forjado no modelo de comando e controle, em que o foco é ligar e desligar máquinas; “abrir ou fechar” a passagem de energia pelas linhas de transmissão. O quadro muda com a entrada de renováveis cuja operação depende da ocorrência do sol e do vento, fatores que fogem ao controle do operador.

“A gente não pode ligar o sol nem o vento e temos que trabalhar com isso. Este é o nosso grande desafio e nós estamos nos capacitando cada vez mais”, afirmou Ciocchi. O desafio da operação das renováveis se soma ao maior uso de térmicas a gás natural, cujo combustível é tido por parte da comunidade energética como um dos principais elementos da transição energética e visto como saída para suportar a geração renovável.

Para Ciocchi, o país poderia avançar na discussão sobre como a energia nuclear deveria se encaixar na matriz energética e na operação do sistema, bem como na necessidade de retomada de construção de hidrelétricas com reservatórios.

De acordo com Ciocchi, a situação energética do Brasil encontra-se muito tranquila neste início de período úmido, “muito mais confortável do que se verificava em igual momento em 2021”. As chuvas, destacou, estão com intensidade abaixo da média histórica, porém ainda assim num volume muito bom. Além das chuvas, o que favoreceu o alto armazenamento nas hidrelétricas foi um trabalho intenso de gestão de reservatórios realizado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e o ONS, com preservação das águas nas cabeceiras dos rios. “Mesmo o pior cenário na estação chuvosa será melhor do que tivemos no ano passado”, disse Ciocchi.

por Valor Econômico.
https://valor.globo.com/um-so-planeta/noticia/2022/11/17/energia-segura-ganha-relevo-na-cop27-diz-ons.ghtml

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