Em conversa exclusiva com o Prática ESG, o indiano Vimal Kapur comenta que o potencial do Brasil para a produção de combustível ‘verdes’, inclusive para aviação, é invejado no mundo.
Outros países tentam alcançar liderança do Brasil em energias renováveis, diz CEO da Honeywell PMT Vimal Kapur, CEO da Honeywell PMT: Brasil está sendo observado de perto por outros países em relação à geração de energias renováveis Divulgação
Reconhecido como líder em geração de energias renováveis pela Organizações das Nações Unidas (ONU), o Brasil está sendo observado de perto por outros países em relação a esse tema, avalia o Vimal Kapur, CEO da Honeywell Materiais de Performance e Tecnologias (PMT), empresa que foca no desenvolvimento de materiais avançados, em tecnologias de processamento, soluções de automação e softwares para indústrias.
Executivo americano de origem indiana, Kapur esteve no Brasil este mês para participar, em São Paulo, do evento Fórum Net Zero, promovido por sua companhia em parceria com a Amcham-SP, e o executivo falou com exclusividade ao Prática ESG.
-Muitos países e economias que não tem essa vantagem energética estão tentando entender e alcançar o Brasil, que tem uma presença muito boa no segmento. Mas acreditamos que o Brasil continuará na liderança de combustíveis renováveis muito porque todos os biocombustíveis foram criados no país- afirmou o executivo.
Povos indígenas correm riscos com a pandemia da Covid-19 Sebastião Salgado foi o único fotógrafo a realizar um trabalho nas aldeias Korubo de recente contato, no Vale do Javari, Amazônia — Foto:
Presente no Brasil desde os anos 1950, a Honeywell fornece várias soluções para o setor de petróleo e gás, colaborando na produção de biocombustíveis, captura de carbono, softwares que permitem conservação energética, baterias de fluxo, entre outros incrementos. No país, a Petrobras é o maior cliente da companhia no segmento de PMT, que também atende empresas como Braskem e ECB Group.
Por ser um grande produtor de etanol, o Brasil pode ser também estandarte na produção de combustível de aviação sustentável [SAF, na sigla em inglês]. O país teria potencial para produzir 9 bilhões de litros de biocombustíveis de aviação por ano, de acordo com um levantamento realizado no ano passado pela Roundtable on Sustainable Biomaterials, organização suíça que impulsiona o desenvolvimento sustentável. Por isso, de acordo com Kapur, o país tem as condições necessárias para aproveitar esse movimento:
-Acreditamos que a próxima onda será dos novos tipos de combustíveis sustentáveis como SAF, entre outros. Vemos a possibilidade de converter etanol para combustível de aviação, por exemplo, e o Brasil só tende a crescer nesse segmento.
No ano passado, a Honeywell assinou um contrato com o ECB Group para uma biorrefinaria que deve ser inaugurada em 2024, no Paraguai, e utilizar as soluções tecnológicas da multinacional para a conversão de óleo vegetal em SAF e diesel verde. A planta terá produção estimada de 20 mil barris por dia.
-Na América Latina, nosso maior desafio é a adoção das nossas tecnologias porque já temos muita tecnologia disponível, mas precisamos entender como elas podem impactar e criar projetos que as utilizem- disse Kapur.
Até 2035, a empresa pretende neutralizar em nível global suas emissões de carbono, abarcando os escopos 1 e 2, referente a emissões de gases de efeito estufa próprios e de fontes de energia utilizada pela empresa.
Para levar o projeto de descarbonização também ao escopo 3, que se refere às emissões da cadeia de fornecimento, a Honeywell pretende intensificar investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Kapur sinaliza a necessidade de ampliação dos aportes.
-Estamos muito cientes de que os nossos investimentos em P&D [pesquisa e desenvolvimento], que irão ampliar nosso esforço de descarbonização, precisam aumentar – afirmou o executivo.
Atualmente, mais de 60% dos investimentos de P&D da companhia em nível global já utilizam critérios ESG para o desenvolvimento de novas soluções, que envolvem tanto a medição interna de emissões, como também a criação de produtos mais sustentáveis.
Em fevereiro, a companhia anunciou uma parceria com a AstraZeneca para a criação de um inalador para asma, mais conhecidas popularmente como “bombinhas”, que emite menos gases do efeito estufa. A maioria dos inaladores utiliza hidrofluorcarbonetos (HFC), que contribuem para o aquecimento global. Na tecnologia desenvolvida em conjunto com a Honeywell, que utiliza hidrofluorolefina (HFO), o potencial de aquecimento global é quase zero.
A utilização de HFO nas bombinhas e em outros produtos como espuma acústica, aparelhos de ar-condicionado e utensílios de higiene pessoal que usam aerossol podem evitar a liberação potencial de 250 milhões de toneladas de emissões de CO2 equivalente na atmosfera, segundo a Honeywell.
Para Kapur, processos de descarbonização não podem depender apenas do uso de matrizes renováveis de energia, mas de um conjunto de soluções, que envolvem pesquisa e inovação:
-Não existe uma solução mágica simplesmente porque temos fontes renováveis de energia. Claro, é uma grande parte da solução, mas nós precisamos reconhecer outros meios de captura de carbono.
Fonte e Imagem: O Globo.
https://oglobo.globo.com/economia/esg/noticia/2022/07/outros-paises-tentam-alcancar-lideranca-do-brasil-em-energias-renovaveis-diz-ceo-da-honeywell-pmt.ghtml
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