OCDE examinará em negociações desde confiança nas instituições a desmatamento no Brasil


A lista de princípios centrais para avaliação técnica nos diferentes comitês da entidade é longa, e incorpora novas recomendações aprovadas mais recentemente pela entidade.

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) avaliará as práticas e políticas do Brasil em temas que vão de confiança nas instituições a desmatamento nas negociações a partir de agora para a entrada do país nessa organização.

O Valor apurou que o “roadmap”, ou itinerário com os termos, condições e processo de acessão do país, já recebeu o sinal verde do conselho de representantes da OCDE, e agora será aprovado formalmente pelos ministros dos 38 países-membros na quinta-feira em Paris.

A estrutura do trajeto é idêntica para os cinco candidatos a sócios – além do Brasil, Peru, Bulgária, Croácia e Romênia. A Argentina teve o convite congelado, depois que o governo de Alberto Fernández não se comprometeu com os valores da entidade nas condições que os atuais sócios queriam.

A lista de princípios centrais para avaliação técnica nos diferentes comitês da OCDE é longa, e incorpora novas recomendações aprovadas mais recentemente pela entidade.

Um tema novo pelo qual o Brasil e os outros quatro candidatos vão ser avaliados, na área de governança, é sobre a confiança das pessoas em relação a suas instituições.

Para a OCDE, a confiança é a base de legitimidade das instituições públicas e de um sistema democrático em funcionamento, e crucial para manter a participação política e a coesão social.

A confiança é importante para o sucesso de uma ampla gama de políticas públicas que dependem de respostas comportamentais do público, como o respeito dos regulamentos e do sistema tributário. No longo prazo, a confiança é considerada necessária para enfrentar desafios sociais como as mudanças climáticas, o envelhecimento da população e a automatização do trabalho.

Na área de governança, o exame focará ainda temas como estrutura dos governos, incluindo separação dos poderes, e integridade do setor público, incluindo aplicação de princípios de alto padrão de comportamento nas instituições públicas.

Sem surpresas, é a questão ambiental que toma mais espaço no “roadmap” do Brasil e dos outros candidatos. Suas políticas e práticas vão ser comparadas às melhores práticas da OCDE. Na verdade, os comitês de política ambiental e de químicos tem 40% das recomendações da entidade. Assim, os candidatos vão ser examinados com base em pelo menos 20 itens na área ambiental, proporcionalmente o maior número.

No caso do Brasil, a questão toma maior dimensão até pela desconfiança com que o governo de Jair Bolsonaro é visto na área ambiental. O mapa menciona a questão do desmatamento em relação a meio ambiente e à produção agrícola, segundo uma fonte.

A OCDE quer saber o que acontece no país candidato em linha com o compromisso assumido em Glasgow, no ano passado, de “trabalhar coletivamente para deter e reverter a perda de florestas e a degradação das terras até 2030”.

O Comitê de Política Ambiental vai examinar também como o Brasil aplica o princípio de que o poluidor, e não subsídio governamental, paga pela prevenção e pelo controle de medidas contra a poluição. Também avaliará se políticas setoriais levam em conta a necessidade de internalizar a melhora na área ambiental. No Comitê de Agricultura, uma questão é se as políticas do setor contribuem para sustentabilidade e melhora do desempenho ambiental e do “crescimento verde”.

Na discussão sobre o “roadmap” para o Brasil, a França mostrou-se particularmente ativa nos temas ambiental e agrícola, sem porém bloquear a negociação.

No Comitê de Assuntos Fiscais, será examinada a eliminação de dupla taxação sobre renda e capital, adotando modelo de convenção da OCDE. Na área financeira, a questão de blockchain também entrará na avaliação, por exemplo.

Os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Casa Civil, Ciro Nogueira, estarão na OCDE na quinta-feira durante a aprovação do “roadmap”.

De 20 a 24 de junho, uma missão técnica da OCDE, chamada de “kick off mission”, participará do Fórum Brasil/OCDE com representantes do governo brasileiro, para das negociações para o país se enquadrar em normas da entidade.

Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE, será recebido por Bolsonaro no dia 22 em Brasília, marcando simbolicamente o lançamento concreto do processo de acessão do país à entidade.

Fonte e Imagem: Valor Econômico.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2022/06/06/ocde-examinara-em-negociacoes-desde-confianca-nas-instituicoes-a-desmatamento-no-brasil.ghtml

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