Para Bolsonaro, crise hídrica dá sinais de ter chegado ao fim.
Com a chegada das primeiras chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste, autoridades do setor elétrico se arriscam a dizer que o pior da crise hídrica já passou. Ontem, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o país já pode se considerar livre de um programa de racionamento compulsório de energia e riscos de apagões (blecautes), como em 2001.
A percepção de que o setor superou o momento crítico também foi manifestada ontem pelo presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista, ele afirmou que a crise hídrica, a pior já enfrentada nos últimos 91 anos no país, dá sinais de que chegou ao fim. “Nós passamos por uma crise hidrológica que parece que está terminando agora, não foi fácil”, disse em entrevista a um site bolsonarista.
Para Bolsonaro, um dos impactos indesejados da crise é a alta da inflação em meio à pandemia, provocada pelo aumento das contas de luz. “O mundo todo passou a consumir mais ou produzir menos, o que leva à inflação. Temos um problema sério de inflação no mundo todo, não é exclusivo do Brasil, mas o Brasil é um dos que menos estão sofrendo com isso”, argumentou.
Albuquerque, disse, durante audiência pública no Senado, que no início deste ano a gravidade da baixa acentuada do nível dos reservatórios das hidrelétricas indicava que o sistema poderia entrar em colapso. O problema maior, segundo ele, estava na projeção de armazenamento de água nas hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste, regiões que respondem por mais de 70% da capacidade de acumulação de água para geração elétrica.
Na Comissão de Infraestrutura do Senado, o ministro disse que as usinas das duas regiões poderiam atingir o nível de 10% da capacidade total no fim de agosto. “Isso significa perda de governança no setor elétrico. É racionamento e apagão”, pontuou.
O pior cenário para o abastecimento do país, segundo Albuquerque, só se confirmaria se não houvesse uma resposta do governo para o cenário crítico. O ministro fez referência às medidas tomadas ao longo deste ano, que vão de criação de um comitê ministerial de crise (a Creg), despacho de térmicas mais caras, controle da vazão de água de usinas, entre outras.
Para o ministro, o alívio chegou quando, em agosto, os principais reservatórios atingiram 21% da capacidade. Esse percentual, segundo ele, chegou a cair para 16,7% em setembro, mas, agora, voltou a recuperar, alcançando 18,7%.
Entre outubro e novembro, o setor elétrico vive a transição do período de estiagem para o chuvoso – este último vai tradicionalmente de dezembro a abril do ano seguinte. Uma das estratégias do governo é diversificar mais a matriz energética, reduzindo a dependência da geração hidrelétrica, que representa 63% da capacidade instalada.
“As medidas adotadas permitiram que o país permanecesse com a segurança energética e com o fornecimento de energia para todos os consumidores”, afirmou Albuquerque. De acordo com o ministro, com a chegada das chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste, os reservatórios deverão alcançar o nível de 25,4% no fim deste mês.
Para 2022, Albuquerque informou que o setor não deverá enfrentar novo risco de desabastecimento. “Não há nenhuma indicação de que possamos ter algum problema em termos de racionamento e apagão”, garantiu.
Fonte e Imagem: Valor Econômico
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/11/10/racionamento-e-apagao-estao-descartados-afirma-ministro.ghtml
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