Operadoras têm usinas hidrelétricas gerando abaixo da capacidade devido à escassez de chuvas

Companhias do setor elétrico começam a sentir os efeitos da crise hídrica do país em suas operações e preveem impactos nos resultados do segundo semestre de 2021. O diretor geral da paranaense Copel, Moacir Bertol, afirmou que a empresa vai precisar comprar energia este ano para compensar a baixa na geração das usinas hidrelétricas que opera, em meio à crise hídrica.

“Temos a necessidade de comprar energia esse ano para compensar a exposição, devido à diferença entre o que foi programado e o que está se realizando. Isso é importante e necessário e tem impactos nos resultados da companhia. Essa compensação vai afetar um pouco os resultados do segundo semestre, mas não estamos sob estresse”, afirmou.

No primeiro semestre, a Copel teve o melhor resultado de sua história”, disse o executivo durante evento online de preparação para o Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), na manhã de ontem.

O executivo explicou que a Copel – estatal paranaense de energia – também está recalculando valores de risco hidrológico (GSF) para os próximos anos, o que deve impactar na estratégia da empresa, segundo ele. Bertol lembrou que a crise não é apenas da empresa, mas de todo o setor elétrico. “Quem tem base hídrica tem que administrar para fazer a operação dessa energia e amenizar os efeitos dessa exposição”, afirmou.

O Brasil vive o período seco com o menor volume de chuvas em 91 anos. Também presente à discussão online, o presidente da America Energia, Andrew Storfer, disse que entre as 14 usinas hidrelétricas do grupo, dez estão gerando volumes de energia abaixo do esperado. O grupo atua nas áreas de geração, comercialização eficiência e gestão de energia.

Storfer acredita, no entanto, que não há risco de racionamento de energia em 2021. “A probabilidade de um racionamento no ano que vem também é relativamente contida”, disse.

O executivo reconhece que a situação do setor é “delicada”, mas disse que acredita que a entrada em operação de novos projetos nos próximos meses vai ajudar o país a não precisar instituir um racionamento de energia.

No entanto, para o diretor executivo do Instituto Escolhas, Sérgio Leitão, a seca atual faz parte dos efeitos das mudanças climáticas. Para ele, o país já está vivendo um racionamento, mas pelos preços da energia, que estão altos. Segundo Leitão, o setor precisa se preparar para realizar uma gestão de risco permanente em meio às alterações do clima.

“Está havendo uma mudança climática, mas o setor ainda não incorporou isso à sua gestão. Os ciclos de secas, que antes eram de dez em e dez anos, encurtaram para sete. Isso exige uma requalificação inclusive do sistema operacional”, afirmou.

Fonte: Valor Econômico e Imagem: Gazeta do Povo
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/09/16/seca-ja-atinge-geradoras-de-energia.ghtml

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