Modelo precisa evoluir para modernizar o setor, apontam Damas de Energia


Perspectiva é de mais renovabilidade da matriz, mercado aberto até a baixa tensão, mas ainda há um longo caminho a percorrer, avalia grupo de mulheres em posição de destaque no setor elétrico.

O futuro do setor elétrico passa pela modernização com as novas tecnologias, geração renovável mais ampla, segurança de suprimento e um mercado aberto a todos. Essa é a síntese das perspectivas que o grupo Damas de Energia apresentou durante o último painel do segundo Warm Up do Enase 2021, realizado nesta quarta-feira, 15 de setembro, via plataforma do evento.

Para o grupo de mulheres de destaque no setor elétrico que participaram do debate, o país terá uma matriz com fontes renováveis com mais participação do que temos atualmente. E esse avanço ocorre em paralelo ao aumento do consumo no mercado livre e da geração distribuída, com o consumidor tendo um papel mais ativo no setor. Consequentemente serão oferecidos mais serviços diversos para atender a essa demanda.

“O setor será mais sustentável e com menos emissões e mais segurança de suprimento. Temos bons recursos no país mas com térmicas a gás para que tenhamos a garantia do equilíbrio nesse processo de transição”, avaliou a gerente geral de Comercialização da Eneva, Camila Schoti.

Camila destacou a necessidade de se incluir nas discussões sobre a modernização do setor elétrico o caso dos sistemas isolados, cujo atendimento é majoritariamente feito via geração a diesel. “Desde 2013 a CCC custou R$ 55 bilhões para financiar os sistemas isolados. Então falar em modernização temos que ter a perspectiva de incluir essas regiões”, acrescentou.

Fabiana Polido, diretora Comercial na Omega Energia, lembrou que essa perspectiva de aumento das renováveis na matriz elétrica nacional foi chancelada por um estudo do GIZ a pedido do MME e EPE sobre qual seria o limite dessas fontes. O estudo inclusive, foi apresentado no Enase 2020 e indicou a perspectiva de que com 40% do total do parque gerador formado por eólicas e solares seriam capazes de atender a 70% da demanda horária tendo o ano de referência de 2016.

“Isso porque as renováveis são as mais competitivas e tem possibilidade de serem viabilizadas em grande escala, mas para isso um gargalo que devemos nos atentar é a transmissão, ter um planejamento que reduza prazos para esses ativos”, avaliou.

Outro ponto defendido no painel e que é importante para a modernização do setor é a separação entre lastro e energia. O destaque foi dado pela Líder em Energia e Comercialização da Light, Alessandra Amaral. A executiva tomou como exemplo a questão da expansão da geração estar centrada no mercado livre, mas que é necessário segurança de abastecimento, fator que é dado pelas térmicas que são pagas apenas no mercado regulado.

“Com esse cenário, o Pmix dos contratos das distribuidoras acaba encarecendo por conta dessa necessidade de usinas que atribuam segurança ao setor e isso incentiva mais migração e mais geração distribuída”, lembrou.

Além disso, continou, a modernização do setor passa por um novo momento, acelerado por conta da pandemia, a da transformação digital e que isso é importante no que se refere à ampliação do mercado livre. Afinal, serão muito mais consumidores no ACL o que representa um desafio no plano de abertura, onde inclui as dúvidas sobre o que fazer com os contratos legados, instrumentos que viabilizaram a expansão da geração nas últimas duas décadas.

Thaís Prandini, sócia da Delta Geração, lembra que cada vez mais o setor elétrico terá novos modelos de negócios neste cenário de modernização. Afinal, há o empoderamento do consumidor ao passo que as novas tecnologias proporcionam crescimento tanto no ACL quanto na GD. E ainda, o avanço de soluções em baterias e hidrogênio.

“O modelo está cada vez mais sofisticado”, resumiu a executiva. E essa sofisticação passa pela proximidade cada vez maior de fundos e investidores que estão em busca de novos negócios mais sustentáveis. Citou que a integração do gás com o setor elétrico como uma questão que precisa de ajustes quanto ao fornecimento do combustível, apesar desse ser apontado como o insumo da transição energética e atualmente representar uma importante ferramenta para atribuir segurança ao abastecimento.

Falando de mercado livre, a moderadora do painel, Ângela Oliveira, da Abraceel, destacou em sua participação a mais recente pesquisa da entidade sobre a liberdade de escolha do consumidor. Lembrou que a posição do país no ranking global melhoraria significativamente caso os projetos que estão no Congresso Nacional fossem aprovados. “Hoje quase não há liberdade de escolha, passaríamos para o 4o lugar, ainda precisamos avançar”, ressaltou.

O painel Damas de Energia está disponível na plataforma na internet em que será realizado o Enase 2021, que neste ano será ainda totalmente digital e ocorrerá de 13 a 15 de outubro.

Fonte e Imagem: Canal Energia
https://canalenergia.com.br/noticias/53187256/modelo-precisa-evoluir-para-modernizar-o-setor-apontam-damas-de-energia

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