Crise hídrica: uso de termelétricas tem impacto em setores da economia


O Banco Central alertou para o impacto da seca na produção de energia e na conta de luz. O governo precisou ligar as termelétricas e os custos maiores dessa forma de geração energética já estão sendo repassados para os consumidores em alguns setores da economia.

Nem a maior queda d´água do país resistiu à seca, e não são é só o turismo nas Cataratas do Iguaçu que sofre os reflexos. A estiagem, visível nos reservatórios do Sudeste, Sul e Centro-Oeste, reduz a capacidade das hidrelétricas. A saída é usar energia das termelétricas, mais cara. E o custo aparece na conta de luz.

Em maio, quando a bandeira tarifária passou de amarela para vermelha 1, a conta residencial subiu 5,37%, bem mais do que a inflação, que ficou em menos de 1%, e já foi o maior índice para um mês de maio em 25 anos. Em junho, a conta subiu mais: foi para a bandeira vermelha 2.

O aumento da conta de luz é o sinal mais visível do problema, mas não o único. Praticamente todos os setores da economia dependem de energia elétrica e, por isso, a tendência é que produtos e serviços também fiquem mais caros.

“A energia tem um impacto direto, que é o encarecimento das contas, e isso vai rapidamente impactar nos índices de preço ao consumidor, no IPCA do IBGE principalmente, e tem os impactos indiretos. Quem vai num salão de beleza e vê que os preços lá ficaram mais caros, uma parte desse aumento pode ser custo de energia”, explica André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia – Ibre/FGV.

O agronegócio, o setor que mais vem crescendo no país, sofre duplamente: com a seca e com a energia mais cara. A Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, reviu a previsão de março e agora espera colher 12 milhões de toneladas de milho a menos do que o esperado em 2021. O milho é muito usado em rações e uma alta tem impacto nos preços da carne e do frango.

A conta chega também na indústria: nos setores têxtil e de cerâmica, por exemplo, a conta de luz, representa até 40% do custo de produção e 48% na produção do leite. O presidente da Associação dos Grandes Consumidores de Energia sabe que é difícil para os produtores, para as indústrias e para cada consumidor.

“O pequeno consumidor paga duas vezes pelo problema, porque ele paga na tarifa de energia da casa dele, mas ele gasta, todo mês, três vezes mais pela energia dos produtos que ele compra. Energia do frango congelado do supermercado, energia do saco de cimento, de uma cerâmica para fazer uma pequena obra. Então nós precisamos enfrentar isso olhando o preço da energia direto e indireto pago pela sociedade”, afirmou o presidente da Associação dos Grandes Consumidores de Energia, Paulo Pedrosa.

Fonte: G1
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/06/16/crise-hidrica-uso-de-termeletricas-tem-impacto-em-setores-da-economia.ghtml

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