INMET: Recuperação dos reservatórios deve demorar, mesmo com o aumento das chuvas

03/12/2020 09:24:25 – AE ENERGIA

Por Wilian Miron

São Paulo, 03/12/2020 – Embora a entrada do período úmido aumente o volume de chuvas nas principais bacias hidrográficas do País, a recuperação dos reservatórios das principais hidrelétricas tende a ser mais lenta neste verão, prevê o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Olívio Bahia.

Segundo o mais recente prognóstico feito pelo Inmet, a tendência é que neste trimestre as chuvas sejam mais concentradas na região Norte e mal distribuídas no Sudeste e no Centro-Oeste, onde concentram-se 70% do armazenamento de água para geração de energia do Brasil.

Caso a previsão se confirme, os volumes pluviométricos devem ficar dentro da média histórica nos Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Ainda assim, a perspectiva é que elas sejam espaçadas, dificultando uma recuperação mais rápida dos reservatórios. Já o extremo Sul do País e o Nordeste devem ter um verão mais seco. “Do ponto de vista da previsão de tempo, as chuvas vão chegar, mas não chegam a ser generalizadas e nem homogêneas, o que acaba dificultando que os acúmulos de água se estabeleçam”, comentou o meteorologista.

Reservatórios
Diante do atraso nas chuvas que estavam previstas para chegar às principais bacias hidrográficas do País já em outubro, e da estimativa projeção de precipitações mais espaçadas neste verão, os reservatórios das hidrelétricas têm apontado índices cada vez menores de armazenamento de água. Conforme a última medição do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a Energia Natural Afluente (ENA) no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, está em 17,41%. No Sul, os reservatórios estão com 17,90% da capacidade, no Norte com 28,72%. A região Nordeste apresenta os melhores índices, com 52,39%.

Por conta dos baixos volumes, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) retomou na segunda feira (30), o sistema de bandeiras tarifárias, com o acionamento da bandeira vermelha patamar dois, com acréscimo de R$ 6,243 para cada 100 MWh consumidos. No dia seguinte o ONS emitiu uma nota reafirmando a situação crítica dos reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) e destacando que os volumes só superam os registrados em 2014.

Em meio a essa situação, o presidente Jair Bolsonaro se manifestou e disse, por meio de suas redes sociais, que o País corre risco de apagões devido aos níveis “baixíssimos” das represas.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétrica e Centrais Geradoras Hidrelétricas (AbraPCH), Paulo Arbex, a escassez hídrica está colocando as empresas em situação desconfortável, sobretudo na região Sul. “Vai ter muita hidrelétrica operando muito pouco neste período, talvez com uma turbina só, e pode ter quem pode deixe de operar por algum tempo”, comentou.

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