Após um longo período fora do programa de expansão do setor elétrico brasileiro, as hidrelétricas com reservatórios podem voltar a fazer parte, de forma regular, dos leilões públicos promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica. A ideia da nova equipe da área de energia do governo federal é retomar ainda este ano as licitações desses projetos, que nos últimos anos cederam espaço no mix da matriz de geração do país para outras fontes renováveis, em especial eólica e solar.
Órgão do governo responsável, entre outras atividades, por mapear as opções de projetos disponíveis para atendimento e viabilizar as condições para entrada nos certames, a Empresa de Pesquisa Energética já tem planilhado o que pode representar, em números, essa reentrada das hidrelétricas com reservatórios no horizonte de expansão. São até 15 GW de nova capacidade em projetos com dimensão variando de 50 MW a 1.200 MW, situados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
“Eu defendo, nesse primeiro momento, explorar todo esse potencial de médias usinas”, afirma o presidente da EPE, Reive Barros. Recém-nomeado secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, cargo no qual deverá tomar posse até o final de janeiro, ele acredita que hoje há espaço na sociedade para uma retomada da construção de barragens, tema controverso nos últimos anos e alvo de intensos debates com setor ambientalista.
Entre as vantagens apontadas por Barros para a voltas dos reservatórios no Sistema Interligado Nacional está o fato, segundo ele, de que essa carteira de projetos médios está localizada em áreas próximas aos centros de carga, e com isso exigirem custo relativamente reduzidos de transmissão para o escoamento da produção de eletricidade para os pontos de maior demanda. Com isso, os índices de perdas no transporte dessa energia também seriam inferiores à média.
“Essas vantagens trariam um impacto positivo na tarifa, sem dúvida alguma”, argumenta Barros. Ele põe esses projetos em condições mais favoráveis de execução em comparação aos empreendimentos projetados na região Norte do país, mais distantes dos grandes centros de consumo e demandantes de grandes e complexas interligações, como é o caso de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, e de Belo Monte, no Pará – as três do tipo “fio d’água”, sem grandes barragens.
Além das hidrelétricas com reservatórios, o futuro secretário de Planejamento do MME acredita ainda que a expansão termeletricidade a gás natural terá bom espaço ao longo dos próximos anos, na medida em que a oferta interna do insumo cresceu substancialmente com a exploração das reservas do pré-sal. “Há dez anos essa era uma questão delicada, pois falar em mais térmicas exigia negociação para importação do combustível. Hoje isso não existe mais, o gás está todo aí”, diz Barros.
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