Conhecer o real valor e benefícios das fontes de geração de energia de que o país dispõe de acordo com seus atributos. Esse é o objetivo do estudo lançado nessa sexta-feira, 19 de outubro. Intitulado “Quais os reais custos e benefícios das fontes de geração elétrica no Brasil?”, foi elaborado pela consultoria PSR e idealizado pelo Instituto Escolhas. E como resultado foi verificado que o Brasil pode aumentar a participação de renováveis em sua matriz sem que isso acarrete custos significativos para a operação do sistema ou a competitividade do setor.
A avaliação foi feita com base no atual plano decenal, o PDE 2026 que contempla usinas térmicas a gás natural, biomassa, eólica, hidrelétrica e solar fotovoltaica. Os atributos avaliados foram cinco, os custos de investimento e operação, serviços prestados pela fonte além da produção de energia propriamente dita, custos de infraestrutura causados (ou evitados) pelo gerador – basicamente a transmissão -, os subsídios e isenções, bem como os custos ambientais, como emissão de gases de efeito estufa.
De acordo com o presidente da PSR, Mário Veiga, mais do que os valores apresentados no estudo elaborado, a novidade está na determinação de uma metodologia que indica o caminho para que se possam mensurar esses atributos, que antes não existia. Até porque, lembrou ele ao conversar com a reportagem da Agência CanalEnergia, os valores mudam com o tempo, pois são dinâmicos e estão relacionados ao desenvolvimento da matriz energética nacional. Nessa conta, por exemplo, deve-se avaliar no futuro como estará a demanda por energia, a disponibilidade de combustíveis o avanço de questões como a geração distribuída.
No estudo apresentado com base nas fontes de expansão do PDE 2026 os valores para as fontes foram atribuídos em 11 modalidades de geração de acordo com o combustível, suas características e submercado. Bernardo Bezerra, da PSR, ressaltou que esta é a fotografia do momento e os preços são um reflexo do atual momento pensando na expansão ótima do sistema onde todos relacionam. “Se não tivéssemos alguma dessas fontes o valor poderia ser alterado para as demais. Esses são os custos quando se abrange todo o cenário de expansão do PDE”, apontou.
Os valores variam entre R$ 412/MWh para térmicas a gás no Sudeste com flexibilidade e ciclo aberto a R$ 166/MWh para térmica a GNL ciclo combinado inflexível no mesmo submercado. Usina hidrelétrica apresentou valor de R$ 286/MWh, eólica no NE R$ 195/MWh e R$ 244/MWh no Sul. Biomassa no SE a R$ 168/MWh, PCH no SE a R$ 285/MWh, solar no NE a R$ 293/MWh e R$ 328/MWh no SE. E ainda, térmica a gás natural ciclo combinado flexível no SE a R$ 216/MWh e R$ 346/MWh para UTE inflexível no NE.
Outros resultados apresentados no estudo indicam que em 2035, o país pode aumentar em 68% a participação de energia eólica, solar e biomassa em sua matriz elétrica, em relação a previsão do PDE 2026, totalizando 44% da composição da matriz. Essa mudança pode ocorrer sem afetar a competitividade e a atratividade dos megawatt-hora (MWh) dessas fontes para os consumidores.
Assim como ressaltado por Veiga, o plano de expansão ideal para o sistema não deve necessariamente selecionar apenas a opção com o menor custo, pois nem todo MWh é economicamente igual. A pesquisa mostra o real custo de cada um deles para a sociedade e destaca que a melhor opção é a complementaridade entre as fontes de geração, que devem operar de forma conjunta. A energia eólica, por exemplo, é limpa e renovável, mas sua produção é variável, porque não há como operar se não há vento. Já uma termelétrica emite gases de efeito estufa, mas pode ser acionada a qualquer momento. Ou seja, nenhuma fonte sozinha tem todas as características necessárias para uma ótima operação, vindo daí a complementaridade entre elas.
Além disso, as novas fontes renováveis são as que apresentam o menor custo de investimento e operação em relação às demais. Dentre as renováveis, a biomassa é a que possui o menor custo de infraestrutura.
Quando avaliados os serviços prestados pela fonte além da produção de energia propriamente dita, como modulação (capacidade de atender a demanda durante todo o ano) e robustez (capacidade de produzir energia acima do que foi planejado), a termelétrica é a fonte que se sai melhor. A hidrelétrica tem problemas com a sazonalidade e eólica e solar com a variabilidade na produção de energia. Entretanto, é também a termelétrica a fonte com o maior custo ambiental para a sociedade relativo às emissões de gases de efeito estufa.
Veiga ainda destacou que deve-se olhar para o estudo como um documento para se tratar de discutir questões que ainda não se tinha uma metodologia para calcular. Hoje com isso é possível mitigar os efeitos do verdadeiro ‘Fla-Flu’ que tomou conta do setor onde cada lado procura defender seu segmento sem analisar a questão dos atributos. Questão essa que é um dos pontos de partida para o surgimento do que classificou como “monte de penduricalhos na conta de energia que encarecem a tarifa”. O acesso ao estudo é gratuito e aberto a quem tiver interesse. Está em dois formatos, sumário executivo e relatório principal.
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