"A água doce, que é tão valiosa, tem que ser melhor aproveitada para produzir energia de baixo custo em nosso país". A frase de Valmor Alves, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas (ABRAPCH), resume o potencial das PCHs e CGHs. Empreendimentos de menor porte e, consequentemente, com menor impacto ambiental, elas são consideradas usinas ecologicamente amigáveis. Por ser uma energia limpa e de menor custo, pode contribuir para que o país ultrapasse a bandeira tarifária vermelha no setor de energia, gerando um preço mais baixo ao consumidor, ampliando a atração de indústrias e a geração de empregos.
De acordo com classificação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), as PCHs são usinas hidrelétricas de tamanho e potência relativamente reduzidos. Esse tipo de empreendimento deve apresentar entre 5 e 30 megawatts (MW) de potência e deve ter menos de 13 km de área de reservatório. Já as CGHs são aquelas que apresentam até 5 MW de potência.
Apesar das credenciais favoráveis, o setor busca maior solidez. "O país enfrenta uma baixa demanda de energia, o que levou à queda nas tarifas, principalmente, as praticadas em leilões, inviabilizando a maioria dos novos investimentos", avalia Paulo Talamini, diretor comercial da Cesbe, construtora com know-how em obras de PCHs. Segundo ele, a expectativa é de que os valores voltem ao normal para que os investimentos no setor retornem de maneira expressiva. Para isso, observa Talamini, é necessária a retomada do crescimento no Brasil, com o consequente aumento no consumo de energia. "Quando isso acontecer, não há dúvida de que as PCHs, por suas características sustentáveis e baixíssimo impacto ambiental, sejam uma ótima alternativa em termos de geração de energia elétrica para o Brasil", complementa.
Valmor Alves observa que "as vantagens são muito grandes frente ao impacto que ocorre na horada construção de uma usina de PCH". Entre os benefícios apontados pelo presidente da ABRAPCH estão o menor impacto ambiental e o crescimento econômico da região em que a usina será instalada. "Em torno de 5 a 7% do investimento total fica no municipio. Durante a construção, há geração de empregos, movimentação dos setores de comércio e de serviços. E depois é constatada até uma mudança no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos municípios", afirma.
DESAFIOS
Segundo Talamini, um dos maiores desafios para a construtora é a questão dos prazos estabelecidos para a obra. "Como os prazos, de maneira geral, são muito apertados, não há espaço para erros, pois atrasos acabam levando a uma perda de receita para o proprietário que não terá sua geração no prazo planejado", explica. Outras necessidades no momento da construção da obra de uma PCH consistem em dar atenção à geologia, aos períodos climáticos e hidrológicos do local de implantação da usina, além do controle de qualidade dos serviços, da logística e da disponibilidade de materiais.
Talamini conta que a Cesbe contabiliza mais de 7.000 MW de potência instalada e que, ao longo de 30 anos, já foram projetadas e executadas em todo o país 27 obras de hidrelétricas e termoelétricas pela empresa, sendo que a especialidade da construtora são as pequenas centrais hidrelétricas. Estão na lista de PCHs construídas pela Cesbe: Serra dos Cavalinhos II (29MW), Pezzi (20MW),
Paiol (10,3MW), Paranatinga II (29MW), Buriti (30MW), Jararaca ( 28MW), Santa Fé (29,6 MW), Arvoredo (13,5 MW) e PCH da Ilha (26 MW), Plano Alto (16,2 MW), Alto Irani (21 MW). Ainda, duas usinas próprias: Carlos Gonzatto (9 MW) e Marco Baldo (16 MW), localizadas no Rio Turvo, no estado do Rio Grande do Sul. A construtora acaba de ganhar uma concorrência no Peru. O projeto foi contratado em abril pela empresa de Geração de Energia San Gabán S/A, no modelo de contrato chave na mão e envolve a implantação de uma pequena usina hidrelétrica, cuja vazão após a geração abastecerá o reservatório da usina hidrelétrica de San Gabán ll, que se encontra rio abaixo. Talamini explica que a usina será construída no distrito de Ayapata, na região de Puno, com o objetivo de explorar o desfiladeiro de Tupuri. A obra terá duração de aproximadamente 420 dias.
EXPECTATIVA
Segundo dados da Abrapch, no Brasil, em termos de potência já instalada, as PCHs estão em terceiro lugar entre as fontes de energia, com 4.126 MW gerados. As termelétricas estão em segundo, com 27,1% da capacidade brasileira (32.418 MW) e as usinas hidrelétricas maiores que 30 MW lideram o ranking, com 66,1% (78.980 MW). Para Valmor Alves, apesar da expectativa de crescimento do setor, a falta de financiamento para a área e a falta de informação em relação aos benefícios a aos baixos impactos das usinas ainda são empecilhos para essa consolidação. Por outro lado, o fato de não ser uma fonte de energia intermitente e por utilizar infraestrutura e matéria-prima nacional são vantagens vultosas.
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