O Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB) promoverá um evento em Brasília, nesta terça-feira, 28 de agosto, na sede da Agência Nacional de Águas (ANA), em defesa das hidrelétricas dotadas de reservatórios de acumulação de água. Segundo os empreendedores das barragens, com base em um documento elaborado em São Paulo, no mês de maio, “o Brasil sempre foi um País responsável e inovador na área de recursos hídricos. Domina toda a tecnologia e fases para o desenvolvimento de empreendimentos hidráulicos com parque industrial consolidado. A falta de discussão, alguma desinformação e limites de investimento aumentaram o risco hídrico, gerando um sistema cada vez mais hidrotérmico. A falta de recursos coloca hoje a indústria e a construção nacionais em risco, podendo emigrar do Brasil, aumentando importação de tecnologia, equipamentos e combustíveis, expostos ao custo das variações cambiais”.
Várias associações envolvidas com a construção de barragens de diferentes tamanhos estão participando da organização do evento, que tem um caráter político e pretende sensibilizar candidatos à Presidência da República para que seja dada a devida atenção ao problema causado, nos últimos anos, pela construção de hidrelétricas dotadas de reservatórios muito reduzidos, em nome da defesa do meio ambiente.
“O ciclo natural da água gerado pela energia da insolação e gravidade, utilizado com os devidos cuidados em usina hidrelétrica produz energia limpa, renovável, com impacto extremamente baixo na produção de gases do efeito estufa. A energia das hidrelétricas provém exclusivamente da água, ao contrário de termelétricas, majoritariamente utilizadas em países desenvolvidos que, após exaurirem recursos hidrelétricos, geram preponderantemente a partir de combustíveis fósseis ou materiais radioativos”, diz a “Carta de São Paulo”.
“O Brasil tem recursos hídricos abundantes, com distribuição heterogênea em bacias hidrográficas, com condições hidrológicas diversas, que geraram um sistema elétrico único no mundo: é interligado, cobre o País, permite levar a energia de uma região a outra, otimizando o sistema, aumentando a disponibilidade e a confiança nele”, assinala o documento dos defensores dos reservatórios de acumulação, lembrando ainda que o Brasil abriu mão da reservação de água na maior parte dos empreendimentos, optando por usinas denominadas de fio d’água, que geram energia através da água que chega a cada instante no empreendimento, sem regularizar o curso d’água, usando desníveis mínimos para a produção de energia.
“Acreditamos que diversificar a matriz elétrica é fundamental e deve-se buscar soluções sustentáveis. É essencial que a geração eólica e solar tenha recebido estímulos para se inserir e se afirmar como fontes importantes. Entretanto, são intermitentes, necessitam do sistema interligado de armazenamento e fontes de estabilidade. Esse importante papel de estabilizar o sistema sempre foi hidráulico, mas com a falta de novos reservatórios, a energia térmica assumiu progressivamente este papel, aumentando custos e o efeito estufa, causando desequilíbrios ao setor, em detrimento da opção hidráulica, mais econômica”, salienta o documento (assinado pelo presidente e vice-presidente do CBDB, Carlos Henrique Medeiros e José Marques Filho) que servirá de base para o evento.
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