Desde aproximadamente 13 anos atrás o planejamento energético brasileiro ficou submisso a interesses de ONGs nem sempre sérias e de ministros e secretários com pouca ou nenhuma experiência na área. As nomeações dos Ministérios de Minas e Energia e do Meio-Ambiente sempre foram 100% políticas.
Com isso, numa primeira ação, as hidrelétricas com reservatório foram abolidas do planejamento, dando lugar a hidrelétricas a fio de água, jogando fora metade de sua capacidade de geração. Um exemplo disso é Belo Monte, que depois de sua implantação terá um fator de capacidade de menos de 45%, pois tem um reservatório muito menor do que o do projeto original. Posteriormente, no final de 2017, o governo declarou que não pretendia autorizar a construção de mais nenhuma hidrelétrica de grande porte.
Hoje o pensamento do brasileiro está sendo influenciado fortemente por estas ONGs internacionais, pela mídia escrita, televisiva e por outros palpiteiros sem nenhuma formação técnica, que pregam que as hidrelétricas irão destruir o clima do planeta. Isso é uma mentira muito grande. Quando o Brasil parou de investir em usinas hidrelétricas com reservatórios (barragens) ele teve que investir pesadamente em usinas térmicas a gás, carvão e óleo diesel para compensar a falta desta energia. Com isso, em vez de redução da conta de luz, como pregava a então presidente, tivemos um aumento absurdo de mais de 50%.
Da mesma forma, o investimento pesado em usinas eólicas e solares irá necessitar também de novo investimento em usinas térmicas para compensar a intermitência destas fontes. Com isso, as emissões de CO2 para a atmosfera, que já aumentaram em 7 vezes entre 1990 e 2015, serão ainda maiores.
Jogadas na vala comum, as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs e CGHs) também foram preteridas pelo governo no planejamento energético e colocadas em último lugar na fila dos financiamentos do BNDES. Para se ter uma ideia disso, na minuta do plano decenal de expansão de energia (PDE 2026) colocou-se a quantia irrisória de 1.500 MW de PCHs e CGHs em 10 anos, enquanto que temos quase 20.000 MW de eólicas e 7.000 MW de solares.
Como consequência desse conjunto de fatores, existe grande risco de sucateamento da inteligência, da competência e dos investimentos de mais de 16 bilhões de reais feitos ao longo dos últimos quinze anos por investidores em projetos, fabricantes de equipamentos, empreiteiros de obras civis, empresas de engenharia, consultoria ambiental, topografia, geotécnica, comprometendo não só a experiência adquirida e acumulada por esses agentes de mercado, mas também milhares de empregos diretos e indiretos.
Vantagens das CGHs e PCHs:
A pequenas centrais hidrelétricas proporcionam uma geração distribuída, levando a uma melhoria da qualidade da entrega de energia em locais afastados dos grandes centros. Por este mesmo motivo, estas centrais não exigem linhas de transmissão muito longas, pois os centros consumidores estão sempre nas vizinhanças da geradora. Além disso, os investidores destas usinas pagam as suas próprias linhas de transmissão.
Por utilizar tecnologia que já está totalmente dominada e disponível no Brasil, a PCH contribui para a valorização da indústria nacional de equipamentos e da construção civil, bem como a geração de empregos e tributos dentro do território nacional. A construção de uma PCH demanda a participação de profissionais de diversas áreas, desde engenheiros agrônomos e florestais, para estudos do meio físico e vegetação, passando por biólogos com especialidade em botânica, e engenheiros elétricos e mecânicos na área de equipamentos. São gerados em média 41 empregos por cada megawatt instalado, todos estes no Brasil enquanto outras fontes deslocam empregos de brasileiros e os transferem para a Ásia, Europa e EUA. Será que isso é correto, num momento em que temos quase 14 milhões de desempregados?
O risco hidrológico é bastante conhecido, uma vez que existem postos de medição distribuídos por todas as bacias hidrográficas brasileiras, com um acervo de dados de mais de um século, ou seja, a margem de erro para a determinação da energia firme de uma PCH é mínima. Essa previsibilidade já não existe nas eólicas.
A vida útil de uma PCH pode ser de mais de 60 anos e seu custo de manutenção é muito baixo. No caso de turbinas Francis de eixo horizontal (que equipam a maioria das PCHs brasileiras) praticamente não existem partes móveis no interior da turbina, o que garante um número muito pequeno de intervenções para manutenção.
A implantação de uma PCH implica na formação de um número maior de áreas protegidas, conhecidas como Áreas de Preservação Permanente – APP, ampliando as populações de espécies de fauna e flora nativas nas áreas de influência destas APPs.
Desvantagens da energia eólica:
Ao contrário do que apregoam os defensores do sol e das brisas, nem tudo são flores no mundo das eólicas. Elas contam com muitas desvantagens, a saber:
Imprevisibilidade: Como é difícil prever a ocorrência de ventos, pode haver flutuações na energia gerada pelos parques eólicos. As turbinas eólicas geralmente operam com menos da metade de sua capacidade devido a ventos não confiáveis. Às vezes, os parques eólicos não serão capazes de gerar energia se as condições climáticas não forem adequadas para rotações de turbinas. Além disso, a turbina eólica pode sofrer danos em caso de ventos fortes, causando obstrução à geração de eletricidade. Além deste fato, a intermitência das eólicas gera grandes variações no sistema elétrico interligado, obrigando ao acionamento de usinas térmicas altamente poluidoras e extremamente caras para a devida compensação da carga. O armazenamento por baterias, tão conclamado internacionalmente, teria um efeito pífio em nosso sistema interligado, dadas as nossas dimensões continentais e o tamanho de nossa carga instalada.
Restrições de adequação do local: A energia eólica só pode ser gerada em locais onde os ventos sopram em alta velocidade. A disponibilidade limitada de tais locais permaneceu como um dos principais obstáculos ao desenvolvimento de projetos de energia eólica. Os locais urbanos podem não fornecer condições adequadas para a construção de projetos de energia eólica. As limitações restringiram o crescimento de projetos de energia eólica em locais muito distantes dos centros de consumo.
Alto capex: Comparado a outras formas de energia renovável como a solar, os projetos de energia eólica precisam de um enorme dispêndio de capital. Grande parte destes parques eólicos está localizada em áreas afastadas dos centros consumidores, o que demandará linhas de transmissão muito longas e caras. O cálculo do valor da geração eólica deveria também levar em conta o preço da transmissão porque haverá uma grande concentração de eólicas no Nordeste, enquanto a carga está concentrada no Sudeste. Assim, custos adicionais precisam ser incorridos para construir essas linhas, o que aumenta o gasto de capital total envolvido no desenvolvimento de um parque eólico. No caso da energia eólica offshore, os cabos submarinos são obrigados a trazer a energia gerada para as redes elétricas. Como a instalação desses cabos envolve custos consideráveis, o desenvolvimento de um parque eólico offshore requer um enorme investimento.
Efeitos ambientais: Embora as instalações de energia eólica não emitem poluentes durante sua operação, elas emitem o suficiente nos processos de fabricação dos equipamentos e nas operações de transporte e montagem.
Abaixo podemos ver um gráfico onde se mostra a geração de gases de efeito estufa durante todo o ciclo de vida para cada fonte de energia:
Fonte: Houses Of Parliament (UK) – PostNote Update Number 383 June 2011
Fica bem claro que a fonte que menos emite gases de efeito estufa durante toda a sua vida é a hidrelétrica.
Existem ainda alguns efeitos no ambiente que resultam da sua operação: Uma turbina eólica pode levar à morte de criaturas voadoras como pássaros e morcegos. Alguns ambientalistas criticaram severamente os danos causados pelo parque eólico à vida selvagem. Além disso, o ruído criado pela turbina eólica pode ser um problema grave de saúde para as pessoas que vivem nas proximidades dos parques eólicos.
Impacto visual: Como as turbinas eólicas geralmente estão localizadas em locais abertos, a alta visibilidade das turbinas causa um impacto estético negativo na paisagem. Em alguns países os moradores estão pedindo a desmontagem de aerogeradores e a proibição da construção de novos parques eólicos para preservar a beleza cênica.
O Brasil não pode cometer este grave erro de abolir as usinas hidrelétricas de seu planejamento estratégico. Perderemos uma vantagem competitiva nos mercados internacionais por jogarmos no lixo a energia mais barata e limpa que temos à nossa disposição. Teremos preços de exportação mais caros para nossos produtos manufaturados. O que se precisa é um estudo mais harmônico da nossa matriz energética visando a complementariedade entre as fontes, aproveitando o que temos de melhor numa análise regionalizada. Não podemos fechar os olhos para a fonte hidráulica.
As usinas hidrelétricas de grande, médio e pequeno porte (UHEs, PCHs e CGHs) são fontes renováveis e abundantes em nosso país e, bem estudadas, podem ser implementadas com impactos ambientais mínimos. Podem contribuir muito para diminuir o custo da energia e para fomentar investimentos em empresas nacionais, dando empregos para brasileiros e gerando impostos no Brasil.
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