Chuvas abaixo da média e o início do período seco do ano devem fazer com que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acione a bandeira amarela hoje, com um acréscimo de R$ 1 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos em maio. Nesta semana, a agência reguladora atualizou as premissas do risco hidrológico (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês) utilizadas para calcular as bandeiras. Se não fosse por isso, a bandeira tarifária deveria ser o primeiro patamar da vermelha, com custo adicional de R$ 3,00 a cada 100 kWh.
Estimativas de comercializadoras consultadas pelo Valor indicam que o preço de liquidação das diferenças (PLD), referência das operações do mercado à vista de energia, deve ficar acima de R$ 200 por megawatt-hora (MWh) na próxima semana. Antes, a bandeira tarifária refletia um número sempre muito semelhante ao PLD, que era o custo marginal da operação (CMO). Na prática, a sigla mede o valor mínimo necessário para geração de energia no período, de acordo com a hidrologia e o nível dos reservatórios.
Desde o fim do ano passado, a Aneel aprimorou o mecanismo das bandeiras, e passou a considerar também o nível dos reservatórios e o patamar de GSF em sua conta. Isso aconteceu porque muitas distribuidoras estavam expostas ao risco hidrológico, sem a remuneração adequada pelas bandeiras, causando um descasamento de caixa que eventualmente aumentava o custo dos consumidores com a conta de luz.
Nesta semana, as premissas foram atualizadas, e o déficit hídrico precisa ser maior para que a bandeira vermelha seja acionada.
A Comerc prevê um PLD de R$ 217/MWh a R$ 262/MWh para a próxima semana, disse o presidente da comercializadora, Cristopher Vlavianos. A projeção é semelhante com a feita pela Delta Energia. Segundo Débora Mota, gerente de gestão de clientes da comercializadora, a previsão de um maio mais seco deve elevar o preço de energia para acima de R$ 200/MWh. O déficit hídrico, por sua vez, deve ficar entre 5% e 6%. O GSF deve se acentuar mais no segundo semestre do ano, para uma faixa de 15%.
Para Rafael Bozzo, analista regulatório da Ecom Energia, a estratégia de sazonalização das hidrelétricas afeta muito o GSF e, consequentemente, as bandeiras tarifárias. "Vemos maior probabilidade de bandeira vermelha de julho a novembro", disse.
De acordo com um executivo de uma comercializadora de energia que pediu para não se identificar, os valores de PLD previstos para a próxima semana estariam dentro do primeiro patamar da bandeira tarifária vermelha. Com a mudança dos gatilhos, os valores de PLD se enquadrarão no patamar da bandeira amarela. Segundo ele, para um mesmo valor de PLD e um mesmo número de GSF, a nova metodologia da Aneel pode resultar em uma cor da bandeira tarifária diferente, com um custo inferior ao que seria obtido com a metodologia que a agência vinha utilizando desde setembro do ano passado. "A chance de termos bandeira vermelha no segundo semestre ainda existe, mas a chance é menor do que antes", explicou ele.
Coincidência ou não, na avaliação dele, a nova metodologia aprovada esta semana pela Aneel e com vigência já para maio resulta na possibilidade menor de acionamento de bandeiras tarifárias justamente em um ano eleitoral.
Associe-se e conheça a Área do Associado, um espaço aonde você tem acesso a estudos, apresentações, documentos dos principais órgãos do SEB e mais! Não perca tempo e entre em contato!
Fonte: Valor Econômico.
No comment