O BNDES tem a perspectiva de captar US$ 1,1 bilhão em recursos de agência e bancos de fomento internacionais para o setor de energias renováveis. Estão em negociação três operações diferentes para levantar esse montante.
A oferta de crédito incentivado no mercado internacional está na mira de investidores, que falam em fechar contratos de compra e venda de energia em dólar para acessar esses recursos. Mas o próprio banco de desenvolvimento têm captado esses fundos, principalmente para projetos de geração renovável.
Desde 2009, quando o BNDES começou a apoiar mais ostensivamente as fontes renováveis, foram fechadas 17 operações com bancos e agências de fomento internacionais, envolvendo US$ 5,3 bilhões. Desses contratos, 12 foram fechados para apoiar projetos de geração renovável, levantando US$ 2,8 bilhões. Foram 96 projetos apoiados: 83 parques eólicos, quatro Pequenas Centrais Hidrelétricas, seis térmicas a biomassa e três projetos de eficiência energética.
“Esses agentes financeiros têm priorizado esse segmento, há uma tendência de que a cada ano uma parcela maior dos recursos sejam destinados para projetos de combate aos efeitos das mudanças climáticas. E cada um desses mecanismos tem seu interesse em oferecer financiamentos mais atrativos”, comenta o chefe de departamento de Captação e Relacionamento Institucional do BNDES, Leonardo Ferreira.
Em 2016, as captações externas do banco, que somaram R$ 19,6 bilhões, representaram 4,5 % dos recursos totais do banco. Nesta ano, o banco aprovou US$ 300 milhões com o New Development Bank, o banco de desenvolvimento dos Brics.
Emissão de títulos verdes
Também em 2017, o BNDES emitiu pela primeira vez títulos "verdes" no mercado internacional, levantando US$ 1 bilhão para apoiar projetos eólicos e solares. De acordo com Ferreira, a operação com os green bonds é naturalmente mais volumosa e mais cara, enquanto a oferta de crédito de bancos multilaterais e de agências de fomento envolve taxas mais atrativas, mas com menor volume de recursos.
A procura pelos papéis do banco foi grande: a demanda foi de US$ 5 bilhões, com 370 investidores tendo participado da formação de preços dos títulos. Para o chefe de departamento de captações externas do BNDES, essa busca mostra que há espaço para a realização de novas emissões do tipo.
Custos cambiais
“O BNDES é um banco com carteira de financiamento de longo prazo, então o seu perfil de funding tem que ser adequado aos prazos de retorno e condições oferecidas para estes projetos”, comenta Ferreira. Para ele, os recursos internacionais são interessantes não só em termos de carência e prazo, mas também para equilibrar o perfil de endividamento.
“Diversificamos bastante as fontes de financiamento, junto aos organismos multilaterais. O banco acaba arcando com essas flutuações cambiais, mas ganha na diversificação dos recursos de captação”, diz.
Fundo da COP 21
De acordo com Ferreira, o BNDES está se habilitando para acessar recursos de uma nova fonte incentivada de crédito internacional, o Green Climate Fund (GCF), que foi fundado por signatários do Acordo de Paris. “São US$ 10 bilhões constituindo esse fundo, com condições ainda mais atrativas que todas essas outras opções, e uma boa parcela vai para projetos não reembolsáveis. O BNDES está em fase de credenciamento para repassar esses fundos”, conta o chefe de departamento do banco.
Uma vez credenciado, o BNDES pode repassar os recursos não reembolsáveis do GCF para projetos de eficiência energética, como levantamento do potencial de economia em indústrias, cita Ferreira. “É uma fonte bastante interessante e os bancos de desenvolvimento alemão, japonês, francês, estão todos interessados em acessá-la. O credenciamento do BNDES está ainda em fase inicial e o processo é longo, devendo tomar ainda de um ano a um ano e meio”, projeta.
Principais parceiros
Os bancos de cooperação internacional japonês e alemão são os principais parceiros do BNDES para captações externas, desde 2009. O Japan Bank for International Cooperation (JBIC) já aprovou quatro operações com o banco de desenvolvimento brasileiro, enquanto o KfW, do governo alemão, aprovou outras três. European Investment Bank (EIB, da União Europeia), a Agence Française de Développement (AFD, da França), Instituto de Credito Oficial (ICO, da Espanha), o Nordic Investment Bank (de países nórdicos) e o New Development Bank (dos BRICS), por sua vez, aprovaram uma operação com o BNDES, cada.
Fonte: Brasil Energia.
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