Bandeira amarela pode voltar à tarifa em julho

O baixo volume de chuvas registrado nas últimas semanas, combinado à projeção de uma hidrologia abaixo da média para julho, deve motivar a alta dos preços de energia no mercado à vista, podendo levar ao despacho da bandeira tarifária amarela, no lugar da verde, vigente em junho.

 

Projeções de comercializadoras reunidas pelo Valor indicam que o preço de liquidação das diferenças (PLD, preço referência das operações do mercado de curto prazo) deve ficar entre R$ 220 por megawatt-hora (MWh) e R$ 250/MWh, no limite entre a bandeira verde e a amarela.

 

A bandeira amarela, que representa acréscimo de R$ 2,00 a cada 100 quilowatts-hora (KWh) consumidos, é acionada quando o custo variável unitário (CVU) da termelétrica mais cara despachada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico fica entre R$ 211,28 e R$ 422,56 por megawatt-hora (MWh).

 

Em abril, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) havia acionado o patamar 1 da bandeira vermelha, com acréscimo de R$ 3,00 a cada 100 KWh consumidos, refletindo o baixo volume de chuvas e a necessidade de despacho de termelétricas para suprir o consumo de energia. No fim de maio, o forte volume de chuvas distorceu os preços de energia, que baixaram de um patamar de R$ 400/MWh para a faixa de R$ 100/MWh, mesmo sem uma recuperação significativa dos reservatórios das hidrelétricas.

 

Segundo a consultoria Thymos Energia, a falta de chuvas nos últimos dias de junho nas regiões Sul e Sudeste reduziu consideravelmente o volume de água disponível para geração hidrelétrica nessas localidades, o que deve causar a mudança para bandeira amarela. "O que explica todo o comportamento de preços é o regime hidrológico", afirmou Gustavo Arfux, sócio-diretor do Grupo Compass. Ele lembra que em maio houve um pico de chuvas que influenciou a primeira quinzena de junho, o que justificou a queda dos preços de energia.

 

Agora, a situação é inversa. "Agosto tende a ter preços mais altos do que julho", disse o executivo, explicando que as primeiras projeções de preços para agosto estão dentro dos limites da bandeira amarela.

 

Para julho, o ONS prevê chuvas que alcancem 86% da média histórica no subsistema Sudeste/Centro-Oeste. Com relação ao Sul, o ONS prevê volume de chuvas em julho de 80% do histórico para o mês, enquanto no Norte a previsão é de um volume de chuvas de 64%. No Nordeste, a situação continua delicada. O ONS prevê chuvas de apenas 34% do histórico para o mês de julho.

 

"Nos últimos dias não houve chuva. Agora, com essa hidrologia abaixo da média pra julho, os preços sobem", disse Reinaldo Ribas, gerente de gestão de clientes da Delta Energia, que prevê um PLD médio de R$ 240 a R$ 250/MWh em julho.

 

A Libra Energia prevê um PLD entre R$ 230 e R$ 240/MWh. "Não tem chuva prevista para o Sudeste e tem muito pouca chuva prevista para o Sul em julho", disse Erico Evaristo, diretor da empresa, acrescentando que o PLD pode subir ainda mais ao longo de julho, devido a previsão de um baixo volume de chuvas.

 

O diretor de Inteligência e Risco da Ecom Energia, Carlos Caminada, tem a mesma opinião. "Uma alta pressão na segunda quinzena de junho provocou uma recessão de vazões e o preço começou a subir em junho", disse o executivo. "Os mapas de previsão de chuvas não mostram nada significativo para as próximas semanas", completou. A Comerc também trabalha com preços mais altos em julho. Para a próxima semana, a expectativa é de um PLD próximo a R$ 220/MWh, disse o presidente, Cristopher Vlavianos.

 

Fonte: Valor Econômico.

 

 

 

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