Alta da tarifa não afeta inflação de abril, dizem analistas

A mudança da bandeira amarela para o primeiro patamar da vermelha nas contas de luz já estava no cenário da LCA Consultores e não muda as estimativas para a inflação de abril. Mesmo com a cobrança extra de R$ 3 a cada 100 kilowatts-hora (KWh) consumidos, a tarifa de energia elétrica residencial ainda terá deflação neste mês, aponta o economista Fabio Romão, em função do impacto da devolução de dos valores de encargos referentes à usina de Angra 3.

A LCA trabalha com alta de 0,26% para o indicador oficial de inflação em abril, projeção que conta com redução de 6% das contas de luz. Se o primeiro patamar da bandeira tarifária vermelha não tivesse sido acionado, observa Romão, a deflação desse item seria mais forte no período, de 10%. Mesmo com a queda esperada para o mês, as perspectivas para os preços de energia, que têm peso de 3,34% no IPCA, ficaram mais preocupantes, pondera o economista.

Para André Muller, da Quest Investimentos, a bandeira tarifária amarela deve voltar ao longo do segundo semestre após o acionamento do primeiro patamar da bandeira vermelha nas contas de luz em abril, avalia. O economista já trabalhava com o encarecimento da energia no mês e, por isso, mantém em 0,25% sua projeção para o aumento do IPCA no período, com redução de 8% na tarifa de eletricidade residencial.

No início do ano, a expectativa era que a bandeira mudasse de verde para amarela, passado o período chuvoso em função de questões climáticas, diz Romão, voltando a ficar sem cobranças adicionais ao fim de 2017. Nas últimas semanas, porém, a consultoria passou a prever a entrada em vigor da bandeira vermelha em abril, devido ao acionamento maior de termelétricas, fonte mais cara de energia, no subsistema Nordeste.

No cenário da LCA, a bandeira tarifária atual deve ser mantida ao menos até novembro, retornando à cor amarela em dezembro. "E há ainda o risco de o patamar mais caro da bandeira vermelha ser acionado", diz Romão, que estima aumento de 6% para a tarifa de eletricidade residencial este ano, após queda de 10,7% em 2016. "A energia reforçou nosso cenário de que o IPCA terá alta de 4,7% em 2017".

Após a deflação esperada para abril, as contas de luz devem voltar a subir em maio, com o fim do efeito do desconto referente à usina de Angra 3 nas tarifas. A LCA estima aumento de 8% para as contas de luz no próximo mês, enquanto o IPCA deve acelerar para 0,51%.

"A magnitude do efeito da bandeira em relação ao provocado pela usina Angra 3 é bem menos intensa", diz Muller, da Quest, referindo-se à devolução de valores de encargos cobrados indevidamente dos consumidores em 2016. Anunciada na sexta pela Aneel, a mudança da bandeira amarela para o primeiro nível da vermelha não foi surpresa, diante de chuvas menos intensas, principalmente no Nordeste, diz o economista.

Com a melhora do regime hidrológico, a bandeira deve voltar para a cor amarela em algum momento na segunda metade do ano, avalia Muller. Com essa premissa, os preços de energia devem subir 7% na média de 2017, depois de terem recuado 10,7% em 2016. Para ele, "a contribuição inflacionária" é baixa "e não preocupante".

Muller ressalta que, mesmo se o patamar 2 da bandeira vermelha for acionado, o impacto de alta no IPCA seria pequeno, de 0,05 ponto percentual, o que não coloca em risco o cenário de desinflação.

 

Fonte: Valor Econômico

 

 

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