A importância da usina não se resume apenas à quantidade de geração. Quando a demanda sobe rapidamente, a capacidade de resposta também é um diferencial.
Se a produção de energia de Itaipu é essencial para o Brasil e o Paraguai ao longo de todo o ano, no verão, a capacidade da usina de produzir muito, e rápido, é ainda mais importante. Com o aumento das temperaturas, é normal que ocorram picos de demanda no meio da tarde. A energia é requisitada subitamente e precisa ser fornecida de forma rápida e em grande quantidade, para evitar o desequilíbrio entre produção e consumo e consequentes quedas no sistema.
“A Itaipu pode ir do zero ao máximo em poucos minutos, por se tratar de uma usina hidrelétrica. Basta acionar mais turbinas. É uma agilidade e disponibilidade de potência valiosa, hidrelétricas são normalmente mais ágeis que outros tipos de usina", explica o Superintendente de Operação da usina de Itaipu, Celso Torino.
E são horas que fazem toda a diferença, porque o país não espera. “Entre um dia de semana e outro, quando a temperatura sobe, a variação pode chegar a 5 mil MW. É como se o consumo de toda a cidade de São Paulo surgisse do nada, somente em função do calor”, explica Torino.
Além da velocidade, Itaipu tem a seu favor a potência, de 14.000 MW. Nenhuma outra hidrelétrica no Brasil e Paraguai tem a capacidade instalada da binacional. A maior usina exclusivamente brasileira é Tucuruí, com 8.730 MW, ou seja, 62% do total da capacidade instalada de Itaipu.
Calor
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) previu um verão de 2017 com temperaturas altas – até o momento, o que se viu em vários estados foram termômetros nas alturas e sensação térmica de até 50°C. Para combater tanto calor, só com ar-condicionado, ventilador e geladeiras trabalhando na carga máxima. E aí, haja energia.
O recorde de demanda instantânea no Brasil ocorreu em 5 de fevereiro de 2014, com um pico de 85.708 MW. Mas essa marca pode estar com os dias contados. Na primeira semana de 2017, a demanda instantânea superou os 75 mil MW na terça, quarta, quinta e sexta-feira (dias 3 a 6 de janeiro), ficando acima dos números alcançados no mesmo período de 2016. E continua em alta: no dia 10 de janeiro, chegou a 80,8 mil MW.
De acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), o aumento da carga esperado para janeiro de 2017 no Sistema Interligado Nacional é de 5,7%, quando comparado com o mesmo mês do ano passado.
As altas temperaturas no Brasil e Paraguai já refletem nos resultados de Itaipu em 2017. Nestes dezessetes primeiros dias do ano, a produção já é 11,7% superior a do mesmo período no ano passado – 4,6 milhões de MWh. Em 2016, quando Itaipu teve o melhor mês de janeiro em 32 anos de operação, foram 4.196.367 MWh neste mesmo período. Segundo Celso Torino, essa geração maior não tem outra causa senão o calor, em especial, nas grandes metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo, no Brasil, e Assunção, no Paraguai.
Velocidade
Em momentos de pico, quando é preciso produzir muita energia num intervalo de poucas horas, é preciso potência imediata. Para ilustrar, Torino faz uma relação com a corrida.
“Durante o ano, Itaipu produz energia para o Brasil e o Paraguai como um atleta maratonista, de forma distribuída num largo espaço de tempo. Porém, em períodos como o verão, é preciso agir como corredores de curta distância, muita energia num curto período e disparando rapidamente”, explica Celso Torino. “Ter uma usina com tanta potência e agilidade para ir do zero ao máximo em questão de minutos é um privilégio de poucos sistemas elétricos de potência”, avalia.
Em 2016, Itaipu celebrou um feito histórico, ao terminar o ano com uma produção de 103.098.366 de megawatts-hora (MWh) – recorde mundial de geração anual de energia.
Fonte: H2FOZ
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