O ano de 2017 deverá ser marcado por uma revisão de projetos no setor elétrico do Brasil, conforme parte significativa das usinas contratadas para iniciar operação nos próximos anos enfrenta dificuldades financeiras ou com fornecedores, disse à Reuters nesta terça-feira uma consultoria especializada.
O universo de empreendimentos com dificuldades para entrar em operação pode envolver entre 5 gigawatts e 7 gigawatts em capacidade instalada, avaliou o presidente da Thymos Energia, João Carlos Mello.
O número mais pessimista representa metade da potência da hidrelétrica de Itaipu, a maior do Brasil e segunda maior do mundo.
"Isso é o que a gente acha que está sem fôlego para ser implantado no momento", disse o especialista.
Ele estimou que parte dessas usinas pode enfrentar atrasos relevantes, enquanto muitas outras podem nem sair do papel.
Isso demandará, segundo Mello, um esforço do governo para "filtrar" os projetos e avaliar quais realmente serão concretizados, o que deverá acontecer ao longo de todo o ano, dado o volume de empreendimentos com entraves.
"Vai haver uma consolidação dos novos projetos. De quem vai ficar, de quem vai entrar no prazo. Devolução (de projetos) ou adiamento do prazo vai ser um tema bem recorrente em 2017", afirmou.
Segundo Mello, a maior parte da capacidade de geração com problemas para ser implementada é de termelétricas a gás natural liquefeito (GNL), mas há também hidrelétricas e usinas eólicas e solares em dificuldades.
O governo estima que cerca de 8,2 gigawatts em nova capacidade deverão entrar em operação em 2017 e 8,9 gigawatts em 2018.
Os leilões de contratação de novas usinas já realizados pelo Brasil nos últimos anos envolveram usinas que deverão entrar em operação até 2021.
DESCONTRATAÇÃO
O governo federal propôs a realização neste ano de um leilão em formato inédito– ao invés de contratar novas usinas, o certame daria a chance de investidores desistirem de empreendimentos com multas menores que o previsto na legislação.
A proposta está em análise pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que reúne autoridades do setor, mas é válida apenas para usinas contratadas em leilões de energia de reserva, que têm como objetivo ampliar a segurança do sistema.
Usinas contratadas em outros leilões devem, por enquanto, negociar reduções ou adiamentos nos contratos de fornecimento de energia diretamente com os clientes, que são as distribuidoras, o que já foi autorizado pelo governo.
"Tem uma proposta do governo para fazer esse 'recall' dos projetos… já tem regulação específica para negociar contratos.. aí pode ser que se abram novas oportunidades", disse Mello.
Fonte: Reuters
No comment