A Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês), estima que, se mantidas as políticas e compromissos atuais de nações e companhias com o desenvolvimento de energias renováveis, a participação dessas fontes no atendimento a demanda total de energia no mundo será correspondente a 21% em 2030 (para um consumo estimado em 425 EJ), de uma parcela atual de 18% em 2014 (360 EJ). A projeção inclui uma parcela menor de biomassa tradicional, que cairá de 9% para 5% no período, e um crescimento das novas renováveis (solar, eólica, heliotérmica, PCHs, geotérmica etc) de 9,3% para 15,9%.
Mas, de acordo com a agência, para atender às metas de desenvolvimento sustentável da ONU, que incluem dobrar a participação das renováveis no atendimento à demanda de energia global, essa parcela deveria crescer em 36%. E mesmo que os compromissos nacionalmente definidos (NDCs) dos países signatários do Acordo de Paris sejam implementados, esse patamar não será atingido. Se concretizados, avalia a agência, os NDCs dos países levariam a reduções de 7 a 8 gigatoneladas de emissões de CO2 até 2030, quando o objetivo é cortar de 20 a 22 gigatoneladas.
Os dados constam na recém-lançada terceira edição do principal relatório da Irena, o Rethinking Energy. A publicação ainda aponta que, na projeção mais modesta de crescimento (atendimento de 21% da demanda energética em 2030), o setor seria responsável por 13,5 milhões de empregos em 2030, enquanto no cenário mais avançado (36% da demanda), seriam 24,4 milhões.
Compromissos conservadores
Apesar da constatação, a Irena aponta que os NDCs dos países têm subestimado o potencial de crescimento das renováveis, a curva de aprendizado tecnológico e as rápidas reduções de custos que devem ocorrer nos próximos anos. A fonte solar, por exemplo, que era contratada a não menos de US$ 150/MWh em 2012, agora está sendo contratada a US$ 60 MWh nos últimos leilões ao redor do mundo, chegando a US$ 29/MWh, no Chile. Desde 2014, cinco países contrataram energia solar fotovoltaica por menos de US$ 50/MW: os EUA, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Chile, México e Peru.
Essa queda está muito ligada à descontinuidade de tarifas incentivadas para as fontes e à realização de leilões para contratá-las. Até o momento, mais de 67 países realizaram leilões para contratar renováveis, de apenas seis até 2005.
Além disso, a capacidade instalada das fontes solar e eólica, por exemplo, apresentam uma taxa média de crescimento anual de 20%, após anos consecutivos girando em torno de 30%. Mesmo que a taxa caia para 15% ao ano, a capacidade das fontes mais que dobraria a cada cinco anos. Com 636 GW, as fontes já correspondem a 10% da capacidade de geração elétrica global em 2015.
Foco em climatização e transporte
Então, enquanto as renováveis seguem um caminho de crescimento virtuoso no setor elétrico, é necessário aumentar a ênfase no uso dessas tecnologias para climatização na indústria e edificações, bem como para o transporte, aponta a Irena. Esses dois setores correspondem a uma grande proporção do consumo global de energia e a cerca de 60% das emissões de CO2 relacionadas a energia.
Os caminhos enxergados para conquistar a demanda desses setores incluem, por exemplo, eficiência energética combinada com solar térmica e bioenergia para processos industriais de climatização e transporte. Ou seja, uma combinação dos usos de energia desses setores, que torne possível atender uma variedade maior de “necessidades de energia” com eletricidade renovável.
Essa transformação passa também pelo armazenamento de energia, que pode ser transformada para uso na indústria, gerenciamento de carga, em prédios e o transporte.
Fonte: Brasil Energia
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