Eficiência energética é alvo de empresas e concessionárias

As estatísticas da ONU mostram que quase sete em cada dez habitantes – ou 67% da população mundial – vivem em grandes cidades, gerando aproximadamente 75% das emissões poluentes. No Brasil, o índice está um pouco abaixo da média mundial (64%). Esse aumento da concentração populacional em áreas urbanas gera uma pressão tanto no poder público quanto entre as companhias privadas pelo aumento da eficiência energética, tornando as cidades e as companhias mais inteligentes e sustentáveis.

 

No cenário atual do Brasil, as concessionárias públicas já têm uma exigência de investir em formas de eficiência energética, por meio de diferentes legislações desde o ano 2000, como a Lei Federal 9.991/2000 e, mais recentemente, a Resolução Normativa 556/2013 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que estabelece, além da obrigatoriedade, um controle constante desses aportes.

 

Esses investimentos podem ser feitos pelas próprias concessionárias ou distribuidoras de energia elétrica, mas é possível também que empresas e consumidores, de um modo geral, apresentem iniciativas de eficiência energética, utilizando esse modelo nas conhecidas Chamadas Públicas. Entre 2010 e 2015, a Copel economizou 195 mil MWh por ano, em iniciativas próprias e em projetos de terceiros, envolvendo o atendimento a residências e a outras iniciativas.

 

"A tarifa de energia elétrica já embute um percentual do qual 1% é destinado a pesquisa e desenvolvimento e a eficiência energética. Há investimentos da própria companhia, mas projetos são aprovados desde que cumpram alguns requisitos", explica Otto Armin Doetzer, gerente assistente da Diretoria de Distribuição de Energia da Copel. Doetzer esclarece que as iniciativas com fins lucrativos precisam recuperar o investimento, enquanto essa necessidade não existe nas que não têm fins lucrativos.

 

Entre os critérios avaliados pela Aneel, encontram-se a relação custo-benefício, peso do investimento, impacto na economia de energia, qualidade, entre outros aspectos analisados. Uma das principais análises realizadas está na avaliação das medições. Ou seja, medem-se os consumos iniciais e os finais para se comprovar se efetivamente houve uma redução do consumo de energia ou da demanda. "Mais importante do que quanto se aplica é o benefício gerado à sociedade", ressalta o representante da Copel.

 

De acordo com o gerente geral da divisão de Desenvolvimento de Negócios de Infraestrutura da Hitachi South America, Emil Seko, a nova forma de gerenciamento de energias vai propiciar o surgimento de cidades inteligentes. Os principais benefícios estarão na área de sustentabilidade, com uma gestão ambiental eficiente, em saúde e longevidade para a população e na criação de novas indústrias, fomentando a inovação e o crescimento. "Todos esses fatores contribuem para uma smart city", diz, mencionando um projeto desenvolvido pela Hitachi em Kashiwa-no-ha, a 25 quilômetros de Tóquio.

 

A eficiência energética, por outro lado, está também no radar das empresas da iniciativa privada, especialmente em razão do momento econômico de crise vivido pelo Brasil nos últimos anos. "As empresas passaram por um período no qual precisam reduzir os seus custos, mas não dispõem do capital", explica Anderson Dornelas, gerente responsável pela área de Eficiência Energética da Hitachi Consulting.

 

Nesse contexto, a Hitachi aposta em um novo modelo de negócio, a chamada Economia de Energia e Água como Serviço (Essas). Trata-se da cobrança do serviço de eficiência energética tomando como base as economias de energia obtidas com os investimentos feitos pela área. "Esse modelo permite aos clientes reduzir as suas despesas operacionais por meio das economias obtidas. Se o consumidor economiza 50% de sua conta, essa diferença do valor se reverte em benefício ao cliente, mas também no pagamento pelos investimentos do serviço", esclarece Dornelas.

 

Esse cenário favorável se tornou possível em função da evolução da chamada Tecnologia de Operação, com sistemas que permitem otimizar e gerenciar o consumo de energia, e da estrutura de Tecnologia da Informação atual. Diversas cidades e empresas já se beneficiam da possibilidade de gerenciar os sistemas de energia, conforme a demanda. Nova Iorque, por exemplo, economizou US$ 14 milhões por ano com a troca de lâmpadas antigas por de LED.

 

No entanto, cada projeto precisa ser avaliado de forma específica. Segundo Dornelas, em cada empresa, é necessário identificar os potenciais de redução de energia, avaliando se a solução será viável financeiramente.

 

Fonte: Valor Econômico

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