As tendências mundiais da transição para as energias renováveis

Com a recente entrada em vigor do Acordo de Paris, documento que sela um compromisso global de combate às mudanças climáticas,  deveremos testemunhar uma expansão sem precedentes de fontes de energias mais limpas e sustentáveis nas próximas décadas.

 

Um estudo do Instituto de Economia e Análise Financeira de Energia (IEEFA) mostra que a transição para as energias renováveis está acelerando, e a um ritmo mais rápido que o previsto. Quem ficar para trás enfrentará riscos financeiros cada vez maiores.

 

As transformações ocorridas no setor ao longo deste ano dão o tom do que se pode esperar, conforme o estudo 2016: Year in Review – Three Trends Highlighting the Accelerating Global Energy Market Transformation, que identifica as tendências em energia que marcaram o ano.

 

Veja abaixo algumas tendências em renováveis que marcaram 2016, conforme a pesquisa.

 

A transição global para as energias renováveis está se acelerando 

 

Em 2016, mais países tiveram períodos nos quais 100% do consumo de eletricidade foi atendido pelas energias renováveis. O Reino Unido, berço da Revolução Industrial a carvão, por exemplo, registrou uma maior geração de eletricidade por painéis solares do que por carvão nos seis meses entre abril e setembro deste ano.

 

A Escócia foi ainda mais longe. Em 7 de agosto, seus ventos produziram eletricidade suficiente para alimentar todo o país. Portugal, por sua vez, foi inteiramento suprido por energia solar, eólica e hidroelétrica durante quatro dias no mês de maio.

 

Poucos dias depois, um evento semelhante na Alemanha levou os preços da eletricidade a cifras negativas em 15 de maio, com a energia limpa suprindo toda a necessidade energética do país.

 

Além desses avanços, o relatório destacou o imenso potencial do continente africano na revolução energética. Segundo o estudo, a África tem tudo para se tornar o primeiro continente onde a energia renovável será o principal motor do desenvolvimento.

 

Em grande medida, a expansão da energia solar tem passado ao largo da região, lar da maioria das nações menos desenvolvidas do mundo – mais de metade das 1,3 bilhão de pessoas sem acesso à eletricidade vivem lá. Isto apesar dos países africanos terem de 52% a 117% mais radiação solar que a líder dessa fonte de energia entre os países desenvolvidos, a Alemanha.

 

Mas isso deve mudar, segundo o relatório, com as melhorias tecnológicas, as reduções de custos e o crescente interesse em micro-redes. Pelas previsões da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), a África poderia ter 70GW de geração solar em vigor até 2030.

 

O ritmo da mudança é muito mais rápido do que o previsto

 

O relatório também aponta importantes mudanças em níveis institucionais que ajudam a gerar vantagens significativas para o desenvolvimento de novas fontes limpas.

 

O rápido crescimento do mercado dos chamados títulos verdes (ou green bonds) — títulos de dívida emitidos por empresas e instituições  financeiras para viabilizar projetos com impacto ambiental positivo — é uma indicação de que o capital privado está saindo dos combustíveis fósseis para a energia renovável.

 

Ser um líder em energias limpas agora pode ser aplicado como um modelo de negócio sustentável que proporciona retornos superiores aos acionistas. Tesla, BYD, Nextera Energia, Softbank, ENEL, China Longyuan e Brookfield Renewable Partners todos demonstram isso.

 

Ainda segundo a pesquisa, o consumo de petróleo poderá atingir o pico em 2030, com o crescimento exponencial e continuado dos veículos elétricos, eficiência energética e energia renovável.

 

Quem fica para trás enfrenta crescentes riscos financeiros

 

Ao contribuir para reduzir as taxas de utilização, as energias renováveis continuarão a comprometer a viabilidade da produção a carvão.  De acordo com o estudo, o consumo mundial de carvão está em declínio, tendo atingido um pico em 2013 e declinado em 2016 pelo terceiro ano consecutivo. Um crescimento da demanda abaixo do esperado, em conjunto com o aumento da oferta de gás natural, deverá golpear ainda mais forte esse mercado.

 

Fonte: Revista Época

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