Artigo: A tecnologia a favor de energias renováveis

O desenvolvimento tecnológico nos últimos anos favoreceu não apenas a redução do custo da energia, mas também acelerou a produção e a instalação de equipamentos mais potentes

 

Em tempos de aumento de preços de eletricidade, questões ambientais e diversificação da matriz energética, cresce a importância e o interesse por fontes renováveis de energia em todo o mundo. O Brasil está em posição de destaque por possuir enorme potencial de energia solar e eólica, uma combinação favorável única dos recursos hídrico/eólico/solar e um dos melhores ventos do mundo – forte e constante, que garante um rendimento quase duas vezes maior do que os projetos eólicos na Europa e EUA.

 

Em relação à fonte eólica, existe área suficiente disponível no Brasil e os custos de geração de estão entre os mais baixos do mundo. O principal financiador dos projetos, o BNDES, também tem tido um papel fundamental na consolidação da indústria. Porém, precisamos vencer algumas barreiras para chegar ao nível de utilização dessas energias dos países que lideram o ranking mundial.

 

O desenvolvimento tecnológico que a indústria de energia eólica e solar realizou nos últimos anos favoreceu não apenas a redução do custo da energia gerada por estes sistemas, mas também acelerou a produção e a instalação de equipamentos de maior potência. A Dinamarca, país que mais utiliza energia eólica em sua matriz energética, tem como meta para 2050 atingir 50% de eletricidade produzida anualmente por aerogeradores, porém, é menos ambiciosa que a vizinha Alemanha.

 

O país germânico tomou a decisão de fechar todas suas usinas nucleares até 2022, redefinindo seu planejamento energético sem qualquer ruptura tecnológica ou econômica significativa e aumentou rapidamente a quantidade de eletricidade gerada por meio de fontes renováveis. O país contabilizou 33% de energia produzida por fontes renováveis em 2015 e planeja atingir entre 40% e 50% de contribuição de energias renováveis em todo o país em 2025.

 

Apesar de terem contextos diferentes, já que grande parte da energia da Alemanha era de origem nuclear e carvão, enquanto a maioria da energia brasileira é gerada por usinas hidrelétricas, o Brasil poderia se inspirar no programa alemão Energiewende, literalmente traduzido para “o ponto da mudança da energia”, que apresenta modelos de gestão política que podem ser utilizados para auxiliar na implantação da mudança de portfólio energético.

 

No Brasil, a energia eólica, após quase duas décadas “incubada”, começou a ganhar destaque com os primeiros parques eólicos implantados em 2006 e 2007 no âmbito do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia e com as múltiplas contratações de parques eólicos em leilões de energia a partir de 2009. Com muito esforço dos agentes interessados no setor eólico, incluindo Abeeólica e o Governo Federal, o País viu sua capacidade instalada em eólica chegar a 8.700 MW no final de 2015, com uma participação de 6,2% na matriz elétrica.

 

Apesar do Brasil ter tido um ano recorde em 2015, sendo o 4º país no ranking mundial em número de novas instalações eólicas, e já ter contratado para entrar em operação até 2019 cerca de 10 GW, a participação esperada da fonte eólica na matriz energética nacional ainda é muito modesta. Apesar das condições favoráveis para o desenvolvimento de energias renováveis, ainda é preciso investir mais em infraestrutura, capacitação de pessoal, pesquisa/desenvolvimento e inovação com foco nas áreas de energia eólica e solar, e apoio ao desenvolvimento tecnológico industrial para aumentar a qualidade e competitividade das empresas deste setor de energia.

 

Neste cenário, a UL DEWI colabora com o mercado por meio de testes e certificações de equipamentos, inspeções e due diligences e análises de conformidade e otimização de projetos, apoiando tanto os fabricantes, quanto os desenvolvedores e operadores das usinas eólicas e solares. Assim, na próxima década existirá uma energia muito mais descentralizada, resiliente, inteligente e global, permitindo a criação e desenvolvimento de uma ampla variedade de novas indústrias para os equipamentos relacionados, padrões, sistemas e recursos de informação.

 

Alexandre Pereira é diretor da UL DEWI

 

Fonte: Brasil Energia

 

No comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *