O Ministério de Minas e Energia surpreendeu o mercado ao anunciar a intenção de realizar um leilão de energia nova A-3 ainda este ano. Em decorrência do resultado do A-5 deste ano que foi o menor em volume já contratado e a situação de excesso de acordos das distribuidoras, a impressão é que essa disputa deverá ser menor ainda, resultado de alguma demanda pontual ou que de algum projeto que o poder concedente já dê como certo de não ser realizado no prazo.
De acordo com o consultor da Thymos Energia, Ricardo Savoia, não há uma recuperação tão grande da demanda a ponto de se colocar um leilão A-3, até porque a perspectiva é de que a sobrecontratação ainda é grande para o período. Em sua avaliação, as hipóteses para o lançamento dessa medida são poucas. Uma delas poderia ser uma demanda muito pontual que uma distribuidora teria. Outra passa pela percepção de que há projetos que entregarão energia em 2019 que não sairão do papel e aí é necessário voltar ao A-5 de 2014 ou atrasos em projetos de linhas de transmissão. Ou ainda, o governo conseguiu enxergar sinais de que a demanda está reagindo e a próxima revisão quadrimestral deverá apresentar sinais de crescimento expressivo da carga.
“Pelo que temos de dados disponíveis atualmente não podemos afirmar que houve uma melhoria significativa da demanda, a sobrecontratação continua. Não dá para entender, devemos esperar para ver a relação entre a carga e aumento da demanda e qual será a expectativa do governo. Houve uma melhoria, mas não foi tão significativa assim”, afirmou Savoia. “O governo sabendo de uma futura limitação pontual decidiu recorrer a um A-3 que deverá ser pontual para algumas poucas distribuidoras que poderão ficar subcontratadas por projetos que não serão entregues”, acrescentou.
Josué Ferreira, da Excelência Energética, corroborou a impressão. Ele disse que a medida realmente surpreendeu o mercado em função do cenário que o país vive. Independente dos motivos que levaram o governo a adotar o novo leilão, a impressão é de que a disputa será por volumes módicos de energia. “Até o momento não temos nenhuma especificação de fonte ou data. Vemos que não deverá atrair o apetite em função de sobrecontratação, de repente, esse produto possa ser ofertado pensando nas distribuidoras da Eletrobrás para que essas possam acessar o MCSD Energia Nova, pois as empresas daquela região possuem mais acordos bilaterais do que CCEARs”, disse ele.
Além disso, ele destacou que o prazo de fornecimento é outro ponto de atenção, pois caso o leilão seja marcado para setembro ou outubro o investidor terá cerca de 2 anos e 3 meses para a construção e operação, o que limita a participação de projetos no certame, ainda mais com as dificuldades de financiamento pelo endurecimento das regras de financiamento por parte do BNDES.
Fonte: Canal Energia
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