O lobby da energia verde ganhou aliadas de peso. Grandes empresas mundiais estão se antecipando aos governos para incentivar o uso de energias renováveis começando dentro de casa.
No início deste mês, a gigante de embalagens Tetra Pak anunciou que pretende usar 100% de energia renovável em toda sua operação mundial até 2030. Com essa meta audaciosa, a multinacional sueca se junta a um grupo de grandes corporações como Google, HP, Microsoft, Nestle, Nike, Starbucks que, no âmbito de um pacto global chamado RE100, se comprometem publicamente a aumentar a fatia de energia limpa em suas operações nos próximos anos.
O lobby das corporações mais influentes do mundo em favor das fontes renováveis somado a outras iniciativas – como a que reúne empresas brasileiras em torno do controle das emissões de gases do efeito estufa, o GHG Protocol – reforça uma tendência que está mexendo com o mercado de energia, que precisa oferecer contratos de energias renováveis em maior escala.
De acordo com estimativa do RE100, o setor privado responde hoje por cerca de metade do consumo de eletricidade do mundo. Esse apelo dá um sinal verde ao mercado de energia para investir na expansão das renováveis. Só no ano passado, foram acrescentados 152 GW de energia renovável à matriz mundial, segundo dados da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), com predomínio da fonte eólica e solar.
Além de corrida do mercado para atender à demanda crescente por energia limpa, essa tendência deve resultar em um boom de autoprodução de energia por parte das empresas, segundo Mikio Kawai Jr, diretor executivo do Grupo Safira Energia. “No Brasil, temos um atraso de mais de 30 anos em relação ao mercado norte-americano, que começou fomentar a geração distribuída [para empresas e residências] em 1978 com incentivos à expansão fotovoltaica no país”, avalia.
Dentro e fora do Brasil, as empresas estão fazendo a lição de casa. Em pouco mais de dois anos de existência, as companhias membros da RE100 já conseguiram mudar metade das suas fontes para renováveis. Exemplo clássico, o Google já investiu mais de R$ 1 bilhão em projetos de energia limpa, inclusive, no próprio quintal: sua sede na Califórnia tem uma planta solar com cerca de 2 megawatts (MW) de capacidade. Outro caminho são as associações com grandes produtores de energia. O Walmart, por exemplo, é parceiro de uma usina eólica no Texas.
Com duas plantas no Brasil, um delas em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, a Tetra Pak, já usa 100% de energia limpa aqui, proveniente das hidrelétricas. “Na América do Norte, na Europa e na Ásia ainda predominam as fontes não renováveis, derivadas do petróleo”, afirma a Valéria Michel, diretora de Meio Ambiente da Tetra Pak no Brasil. Para chegar à meta até 2030, a empresa planeja introduzir centrais de “minigeração” de energia, principalmente solar, nas mais de 40 plantas da companhia mundo afora.
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