O governo do presidente interino Michel Temer pretende repetir na Eletrobras a mesma tática adotada para a irmã Petrobras e colocar nomes de mercado no comando das estatais elétricas. A informação foi dada ontem pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho.
"Ainda não tratamos disso [os nomes dos presidentes das estatais]. Evidentemente que esse assunto será tratado no 'time' oportuno com o presidente [interino, Michel Temer]. A gente já vem conversando a respeito em algumas empresas do setor elétrico, para que a gente possa também no setor elétrico encontrar uma solução como a Petrobras, com pessoas do mercado", disse o ministro, após participar da cerimônia de transmissão de cargo do novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, ontem, no Rio. "Evidentemente que é um novo governo e que mudanças deverão, poderão ocorrer. Mas isso será no seu tempo", completou.
Questionado sobre o fato de o presidente de Furnas, Flavio Decat, ter colocado o cargo à disposição, Coelho Filho disse não ter tratado do assunto com o executivo em reunião na última semana, em Brasília. "Recebi o presidente da Eletrobras [José da Costa Carvalho Neto] e o presidente de Furnas, mas a pauta não foi essa [substituição da presidência]. Na verdade, estive com o presidente Flavio Decat, onde ele me apresentou o plano que vem tocando a frente da companhia. E a agenda que tive com o presidente Costa foi a respeito da problemática do [formulário] 20-F lá da bolsa de Nova York", disse.
Além de encarar a chance de deixar de poder listar seus papéis no mercado americano, a companhia também pode se complicar ainda mais na ação coletiva que investidores movem contra ela nos Estados Unidos. Até agora, a elétrica não entregou o 20-F, formulário anual exigido pela regulação, referente a 2014 e 2015.
Segundo duas fontes com conhecimento do assunto, Temer deve começar a realizar as substituições na Eletrobras depois que a estatal enviar o recurso à bolsa de valores de Nova York (Nyse), relativo à suspensão da negociação das ADRs (recibos de ações). Ontem, a estatal informou que um pedido de revisão foi entregue à bolsa americana e que agora espera o agendamento de uma data para enviar o recurso de fato.
Existe ainda uma expectativa no setor que a presidência da Chesf volte a ser de influência do PSB, mesmo partido do ministro. Segundo uma fonte ligada ao partido e à estatal nordestina, contudo, ainda não houve nenhuma conversa de Coelho Filho sobre o tema. "A impressão que tenho é que o governo quer primeiro dar um norte para a situação da Eletrobras para depois ver isso", afirmou.
Marcelo Gasparino, integrante do conselho de administração da Eletrobras, afirmou ontem que os acionistas minoritários não aceitarão indicações políticas na holding e suas subsidiárias e que a composição atual do conselho pensa da mesma forma.
Fonte: Valor Econômico
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