Executivos de empresas que atuam no setor de infraestrutura, como concessões de energia, de rodovias e saneamento, apontam que o novo governo, a ser iniciado amanhã ou sexta-feira, tem de garantir dois importantes pontos: a redução das incertezas e a busca do equilíbrio fiscal. Além disso, consideram importante a manutenção de diálogo com o empresariado que foi aberta pelo ex-ministro Eduardo Braga, de Minas e Energia.
O presidente do grupo espanhol Arteris, David Días, espera que o novo governo de continuidade ao programa de concessões da presidente Dilma Rousseff. “Claro que alguns acertos podem ser feitos, mas é importante que a infraestrutura seja um compromisso do país e não de partidos”.
No comando de um grupo que administra nove concessionárias com 3,250 mil quilômetros de rodovias, Días acredita que a volta da estabilidade política pode levar o país a recuperar a confiança da iniciativa privada e destravar investimentos. “O binômio infraestrutura e iniciativa privada tem mostrado sucesso”.
Nisso, considera que o Congresso Nacional terá papel relevante. Días espera que os partidos políticos tenham uma postura positiva em relação às necessidades do Brasil e votem sem interesses apenas partidários.
Ele afirma que a estabilidade econômica, com queda da inflação, dos juros e, consequentemente, do custo do dinheiro para investimentos, não virá por decreto. Para isso, a independência do Banco Central é fundamental.
No setor elétrico, o presidente da CPFL Renováveis, André Dorf, vê como positivo o processo de mudança de governo. Pode trazer a redução da incerteza. A empresa não tem expectativa de uma reversão na tendência de crescimento das fontes renováveis de energia, afirmou o executivo.
Já o presidente da comercializadora Focus Energia avalia que o provável governo temporário de Michel Temer precisa adotar medidas que resgatem a credibilidade do país, permitindo a volta ao mercado de crédito internacional. “Temer precisa montar uma equipe econômica forte e conseguir aprovar “reformas profundas” rapidamente”.
A possibilidade do retorno de Eduardo Braga (PMDB-AM) para o comando do Ministério de Minas e Energia (MME) é vista positivamente. “Foi um cara aberto, entendeu os problemas do setor”, afirmou. Essa opinião é compartilhada por Xisto Vieira Filho, presidente da Associação Brasileira dos Geradores Termelétricos (Abraget) e por Nelson Leite, presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
Os nomes da equipe econômica que vieram a público para um possível governo Temer é consistente com a busca por colocar o país “de volta aos trilhos”, afirmou o presidente da empresa de saneamento Aegea, Hamilton Amadeo. Ele considera que o vice-presidente fará o melhor possível, embora pondere que o equilíbrio fiscal não deve ser atingido em dois anos.
Fonte: Valor Econômico
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