Geração distribuída acelera smart grid, diz AES Eletropaulo

Fator de grande preocupação para as distribuidoras, que temem elevada perda de receita, a rápida expansão das microusinas fotovoltaicas residenciais traz um efeito colateral que é a retomada da discussão sobre a necessidade de melhorar e ampliar a tecnologia agregada às redes elétricas, avalia Maria Tereza Vellano, diretora responsável pelo projeto de smart grid da AES Eletropaulo no município de Barueri, na Grande São Paulo. Quanto maior a interferência de terceiros, maior a necessidade de monitoramento do sistema.

 

À reboque vem outro impulso importante, ressalta a executiva, que é a chamada “internet das coisas”. As distribuidoras poderão ganhar um papel de destaque nessa tendência, porque poderão servir de facilitadoras para a comunicação entre as pessoas e tudo que possa ser controlado à distância.

 

Aparentemente congelada por conta das dificuldades financeiras enfrentadas pelas concessionárias e até pela situação do país, como um todo, a discussão sobre redes inteligentes, apesar de tudo, vem caminhando no governo, mais precisamente na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), segundo ela, onde emergem propostas para o desenvolvimento de políticas públicas para smart grid e para a nacionalização de equipamentos pela atração de investimentos de fabricantes estrangeiros. O alto custo dos componentes importados torna hoje inviável uma aplicação em maior escala.

 

“A ideia é envolver todos os ministérios e ter um órgão ligado à Casa Civil. Esse é o momento favorável, porque o Brasil precisa reativar a economia e gerar empregos”, assinala, lembrando que também participa dos entendimentos o Instituto Aptel, braço operacional da Associação Brasileira das Empresas Proprietárias de Infraestrutura e de Sistemas Privados de Telecomunicação (Aptel).

 

A presença da entidade também deriva de outra questão central que vem sendo debatida no Brasil e em outros países: até que ponto faz sentido econômico a operação da parte de telecomunicação das redes inteligentes pelas própriasdistribuidoras. Tecnicamente e do ponto de vista da confiabilidade, por enquanto, é mais adequado ter esse controle, explica a diretora, porque as teles precisariam disponibilizar sistemas dedicados independentes daqueles utilizados pelos assinantes. Até por razões de segurança operacional do sistema, para não se correr o risco de invasões.

 

Barueri

 

Concebido em 2013, o projeto de smart grid da AES Eletropaulo abrange 250 mil habitantes, quase 90% do município, e vem avançando dentro do cronograma, com previsão de conclusão em 2017. Os protótipos dos medidores inteligentes – que serão fabricados por Weg e Siemens, num total de 62 mil unidades – estão em fase final de homologação no Inmetro, relata Maria Tereza. A expectativa é que a instalação seja iniciada em até 60 dias.

 

Em paralelo, prossegue o trabalho de preparação da rede local, com colocação de detectores de falta de energia, religadores e também dos concentradores desenvolvidos pela Cisco, responsáveis pela coleta dos dados que virão dos medidores, tanto por meio de radiofrequência como por meio dos próprios cabos elétricos, via tecnologia  PLC. Internamente, também está em desenvolvimento a interface com o sistema SAP da companhia, bem como o portal ao qual os clientes poderão ter acesso às principais informações sobre consumo de energia. O Ibope foi contratado para realizar uma pesquisa que levantou as principais expectativas em relação a esse serviço.

 

O custo dos medidores, segundo a executiva, de 2014 até agora subiu 40% devido ao salto do preço do dólar, na época cotado a R$ 1,99 e hoje girando em torno de R$ 3,60. A empresa avalia se vai complementar com recursos próprios do valor inicial de R$ 29 milhões ou se irá revisar junto à Aneel o projeto de P&D como um todo, orçado em R$ 75 milhões, incluindo participação da Finep. O resultado final da iniciativa é que vai dar o referencial necessário para que a AES Eletropaulo avalie, a depender também de políticas públicas, se vale ou não a pena estender a tecnologia para outras cidades da área de concessão, hoje com cerca de 7 milhões de unidades consumidoras.

 

Fonte: Brasil Energia

No comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *







×