Consumidores especiais devem fechar contratos de longo prazo

O mercado livre de energia passa por um novo ciclo de expansão e o perfil dos novos entrantes, consumidores relativamente pequenos, deve levar ao fechamento de contratos com prazos maiores, de cinco anos em média. A recomendação para esse tipo de consumidor, que tradicionalmente não acompanha o setor elétrico e deve necessariamente comprar energia de fonte renovável – o tipo com menor liquidez no MR – é ter cautela e visão de longo prazo. “Se você conseguir um contrato em torno de R$ 160, por cinco, sete anos, abrace a oportunidade”, aconselha o sócio-diretor da consultoria GV Energy, Pedro Machado.

 

A estimativa é que 1.000 novos agentes migrem para o mercado livre neste ano, a maior parte na faixa de consumo de 500 kW médios a 3 MW médios, os chamados consumidores especiais. A projeção condiz com a média de 80 novos agentes por mês registrados na CCEE desde o início do ano. Como são consumidores “menores”, a migração deve representar uma carga total de 400 MW médios, estima a GV Energy. 

 

Janela está se fechando

 

Essa demanda, segundo Machado, é compatível com a geração que já está disponível e instalada. Esse é um dos pontos que explicam os preço atrativos – chegavam a R$ 140/MWh no início deste ano para contratos de cinco anos – para o consumidor especial no mercado livre: a energia incentivada tem sobras para este ambiente de contratação. “E os anos de hidrologia ruim representaram ganhos de geração para a fonte eólica”, lembra Machado.

 

É por isto, também, que as oportunidades estão acabando: os valores que estão sendo praticados no mercado livre não pagam os custos de novos projetos de geração incentivada. A fonte eólica, por exemplo, que tem a maior participação entre as fontes renováveis no mercado livre, foi negociada a R$ 203/MW no último leilão para o mercado regulado, onde as condições de financiamento são melhores e os contratos mais longos.

 

Com o aumento da procura no ML, os preços já estão aumentando: contratos estão sendo fechados atualmente a R$ 170/MWh, em média — valores ainda muito abaixo da média R$ 297/MWh da tarifa cobrada no Brasil. “Logo, os vendedores vão deixar de olhar os preços que os concorrentes estão praticando e começarão a olhar o preço no mercado regulado. Então, passarão a oferecer descontos, por exemplo, de 15%, sobre esse preço (R$ 297/MWh)”, alerta Machado.

 

O executivo aconselha os consumidores especiais a fechar contratos mais longos justamente porque não há expectativa de expansão significativa da oferta de energia incentivada no mercado livre. “Energia se compra no longo prazo, a não ser que você tenha condições financeiras para risco, conhecimento setorial e volume para trabalhar nesse ambiente de volatilidade que é o curto prazo”, adverte o consultor.

 

Muito trabalho

 

Com aumento da adesão ao mercado livre, o processo de migração para este ambiente de contratação está começando a ficar mais demorado. De acordo com Machado, os processo, que antes levavam cerca de três meses, estão atualmente durando de seis até oito meses. “O ONS está enlouquecido, são três pessoas cuidando desse tema”, comenta o executivo, apontando que todos os canais por onde passam os processos de migração estão sobrecarregados.

 

Com toda essa sinalização de demanda, Machado reforça o recado: a janela de oportunidade no mercado livre deve se fechar quando as sobras de energia no mercado livre acabarem e os que chegarem primeiro, colherão os melhores frutos. 

 

Fonte: Brasil Energia

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