A Eletrobras divulga hoje à noite os resultados do primeiro trimestre do ano, que devem, mais uma vez, ser marcados por fatores extraordinários. Enquanto há a expectativa de novas provisões relacionadas à contratos, a companhia pode contabilizar os valores incontroversos das indenizações a que tem direito no segmento de transmissão, tornando difícil prever os resultados.
Na parte operacional, a menor pressão do risco hidrológico e a redução dos gastos com compra de energia no mercado de curto prazo devem ajudar os resultados estatal. Os problemas em distribuição, porém, devem continuar pesando sobre a última linha do resultado da estatal elétrica.
Apenas Morgan Stanley e Santander calcularam prévias para os resultados da companhia, ambos prevendo piora na comparação com o primeiro trimestre de 2015.
O Morgan Stanley prevê um prejuízo de R$ 887 milhões para o trimestre, pior que o lucro de R$ 1,114 bilhão apurado no mesmo intervalo de 2015, mas significativamente melhor que o prejuízo de R$ 10,438 bilhões dos últimos três meses de 2015.
Segundo o banco, a melhora deve refletir os resultados do segmento de geração, devido aos gastos inferiores com compra de energia no mercado de curto prazo, devido ao menor risco hidrológico (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês). No segmento de distribuição, os resultados permanecerão afetados negativamente pelos altos níveis de inadimplência e pela demanda enfraquecida.
As projeções do Santander são semelhantes. A expectativa é de um lucro de R$ 370 milhões, baixa de 69,8% na comparação anual. O banco também destaca as questões de GSF e distribuição, mas aponta que o lucro líquido deve ser fraco em função de provisões adicionais relacionadas ao valor de recuperação dos contratos de concessão e às unidades nucleares.
O estabelecimento das condições para recebimento das indenizações por ativos de transmissão não amortizados anteriores a maio de 2000 pode resultar em uma surpresa positiva para os resultados da estatal.
A Eletrobras já possui homologados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) os valores de R$ 9 bilhões referentes a Furnas e R$ 1 bilhão relativo à Eletrosul. A companhia também já apresentou à autarquia laudos de avaliação das indenizações referentes à Chesf e Eletronorte, reivindicando cifras de R$ 5,6 bilhões e R$ 2,9 bilhões, respectivamente. Segundo a estatal, esses valores são referentes a data base de dezembro de 2012.
O Valor apurou que a companhia avalia contabilizar o valor homologado pela Aneel em suas demonstrações do primeiro trimestre, depois que a portaria 120/2016 do Ministério de Minas e Energia (MME) estabeleceu as regras para recebimento das indenizações a partir dos reajustes tarifários de 2017. Em relatório publicado recentemente, o Morgan Stanley afirmou que um tratamento tributário favorável pode fazer com que os recebíveis da Eletrobras cheguem a US$ 30 bilhões.
Fonte: Valor Econômico
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