Baixa demanda por energia deve impedir novo leilão ainda em 2016

O leilão de energia A-5 realizado na sexta-feira confirmou as expectativas do mercado e contratou apenas 201,8 megawatts (MW), refletindo a baixa demanda das distribuidoras, que sofrem com o problema da sobrecontratação de energia. O resultado reforçou ainda a percepção de que um leilão do tipo A-3 pode não acontecer neste ano, por não haver demanda.

 

A situação diverge do clima do segmento de transmissão, cujas as expectativas são otimistas para o próximo leilão, depois que o último teve 14 dos 24 lotes oferecidos arrematados e, mais recentemente, o Ministério de Minas e Energia publicou portaria autorizando indenizações para as transmissoras. Além disso, há um gargalo significativo de transmissão, com muitos projetos a serem licitados.

 

Na disputa de sexta-feira, os principais vencedores foram as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), que venderam 82,9 MW médios, a partir de 20 usinas, ao preço-médio de R$ 186,41 por megawatt-hora (MWh), deságio de R$ 17,8%. Também foram contratados os 35 MW médios da hidrelétrica Santa Branca, ao preço de R$ 150/MWh, sem deságio.

 

Segundo Márcio Severi, presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), o valor do leilão viabilizou a negociação de energia remanescente ou de ampliação de projetos existentes. Novos projetos, contudo, exigirão um preço mais elevado, da ordem de R$ 280/MWh.

 

Para um leilão A-3, que negocia contratos com início de fornecimento em três anos, a situação é diferente da vista na disputa da semana passada, segundo executivo de grande consultoria do setor que pediu para não ser identificado. Para ele, não haverá demanda declarada pelas distribuidoras e, com isso, o leilão não ocorrerá.

 

A visão é compartilhada por Thais Prandini, diretora-executiva e sócia da Thymos Energia. "Teoricamente não há a necessidade de um A-3, a menos que alguma distribuidora peça uma quantidade de energia, mas com certeza há uma grande chance de que seja cancelado", disse. Como há estimativa de sobreoferta de energia pelos próximos cinco anos, a expectativa é que as distribuidoras não tenham demanda para 2019, alvo dos contratos de um eventual A-3.

 

Foi também este o motivo para que o leilão não tivesse participação de eólicas, segundo Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Segundo ela, como o modelo do leilão privilegiava as outras fontes, não houve contratos de eólicas, ainda que os empreendedores tivessem se habilitado.

 

Segundo ela, o foco das eólicas segue no leilão de reserva, em outubro. A expectativa da Abeeólica é da contratação de 2 gigawatts (GW) de potência neste ano. Como a cadeia de produção de energia eólica é recente, há necessidade de continuação dos investimentos.

 

Outro modelo de leilão bem visto por Elbia é o que reúne projetos de geração e transmissão, chamado "G+T". Se concretizado, o leilão vai contratar primeiro geração e em seguida transmissão.

 

O leilão de transmissão realizado no mês passado foi bem visto por Élbia. "Foi muito positivo, porque estávamos com um histórico de leilões sem oferta e foi uma sinalização de retomada."

 

Fonte: Valor Econômico

No comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *







×