A Neoenergia pretende vender seu portfólio de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e concentrar sua atuação em distribuição e em grandes projetos hídricos, disse ontem o diretor executivo Financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Sandro José Franco. O objetivo, segundo ele, é reforçar o caixa, num momento em que a empresa conclui seus investimentos em Belo Monte e vê seu endividamento crescer.
A expectativa da empresa é arrecadar entre R$ 400 milhões e R$ 600 milhões com a venda de sua carteira de PCHs. A Neoenergia opera sete dessas usinas que, juntas, somam 131 megawatts (MW) de capacidade instalada: Presidente Goulart (8 MW), Alto Fêmeas (10,65 MW) e Bahia PCH I (25 MW), localizadas na Bahia; Goiandira (27 MW) e Nova Aurora (21 MW), em Goiás; e Pirapetinga (20,34 MW) e Pedra do Garrafão (19,04 MW), no Rio. A ideia, segundo Franco, é reforçar o caixa para fazer frente aos investimentos da companhia. Este ano, a empresa prevê investir R$ 3,58 bilhões, 7% a mais que os aportes do ano passado. Desse total, R$ 2,46 bilhões devem ser investidos em distribuição, nas concessionárias Coelba (BA), Cosern (RN) e Celpe (PE).
Também estão previstos investimentos de R$ 806 milhões em geração, sendo a maior parte dos aportes destinados para usinas em construção, como a hidrelétrica de Belo Monte, onde a empresa detém uma fatia de 10%. O executivo conta que este ano a Neoenergia já foi chamada a investir cerca de R$ 100 milhões no projeto, seguindo o planejamento orçamentário do consórcio, e que até meados do ano deve aportar mais R$ 100 milhões na construção da hidrelétrica.
Caso o consórcio não consiga negociar a parcela de energia descontratada da usina no próximo leilão de energia nova "A5", contudo, os sócios de Belo Monte podem ser convocados a realizar um aporte extraordinário. Isso porque o sucesso na licitação é uma précondicionante para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) libere um financiamento de R$ 2 bilhões para o consórcio. Ainda segundo Franco, o plano de investimentos deste ano deve ser bancado essencialmente com geração de caixa.
A Neoenergia, segundo ele, não pretende acessar o mercado atrás de crédito e espera reduzir seu endividamento. Ao todo, R$ 3,96 bilhões, entre dívidas e juros, vencem este ano. "Ajustamos nosso fluxo de caixa e a nossa intenção ao longo do ano de 2016, nas distribuidoras principalmente, é diminuir um pouco do endividamento. Lógico que isso tem um efeito maior ou menor em função da taxa de juro que o mercado estiver praticando", disse o executivo, durante apresentação na Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), no Rio.
Em 2015, a relação dívida líquida/Ebitda da empresa fechou o ano em 3,13 vezes, contra a relação de 2,98 vezes de 2014. Franco atribui o aumento ao encarecimento das operações financeiras, mas destacou que, apesar disso, o índice ainda está dentro da meta traçada pela companhia, de manter a relação dívida líquida/Ebitda entre 2,5 vezes a 3,5 vezes.
Durante o encontro com investidores, Franco comentou, ainda, sobre oportunidades de aquisições de distribuidoras. Questionado sobre o interesse na compra de ativos da Eletrobras, sobretudo a Celg, o executivo disse que a Neoenergia não avalia a compra, no momento.
Fonte: Valor Econômico
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