Em meio as críticas que envolve a continuidade da construção de hidrelétricas no Brasil, o Cultivando Água Boa (CAB), premiado projeto socioambiental da Itaipu Binacional, mostra que é possível um empreendimento hidrelétrico explorar economicamente uma bacia hidrográfica e ao mesmo tempo se tornar um vetor de desenvolvimento econômico e social regional.
Ampliado em 2003, durante a gestão do executivo Jorge Samek, diretor-geral da companhia, hoje o CAB abrange 20 programas e 65 ações na região da bacia do Rio Paraná 3, envolvendo 29 municípios e mais de 1 milhão de pessoas. O programa atua na proteção e conservação dos solos e águas, recuperação de matas ciliares e fortalecimento da economia local. A partir desta quinta-feira, 17, até a próxima sexta-feira, 18, aproximadamente 10 mil pessoas devem participar da 13º edição do encontro Cultivando Água boa, em Foz do Iguaçu.
“É importante que tenhamos essa concepção que nenhum novo empreendimento pode existir sem o antes, o durante e o depois do empreendimento. Não existe nenhuma possibilidade de ter qualquer atividade humana que não vá exigir uma diminuição ou, se puder, a erradicação dos impactos e o cuidado para com a natureza e o meio ambiente”, declarou Nelton Friedrich, diretor de Coordenação e Meio ambiente da Itaipu Binacional.
“Em uma hidrelétrica, o seu principal ativo é a água. E não é só a que cai do céu, você precisa cultivar cada nascente, evitar a degradação como a erosão ou a eutrofização, que acaba, muitas vezes, fazendo com que uma água de um reservatório esteja de tal forma acumulada de nutrientes orgânicos e minerais que não dá para consumir e acaba atrapalhando até a geração de energia”, disse.
Para ele, o Brasil não pode abrir mão de explorar a hidroeletricidade. “Temos que compreender que nós todos precisamos de energia. O que temos que descartar são as energias profundamente prejudiciais à água, ao solo, à vida. É preciso compreender que no campo das energias renováveis, você tem um conjunto de fontes, e a hidrelétrica é uma delas e vai continuar sendo”, defendeu.
Friedrich lembrou que é preciso fazer a ampliação da matriz limpa, mas compreender que há etapas nessa transição que precisam ser superadas. “É possível reconhecer que é possível fazer empreendimentos de médio e grande porte mitigando bastante, diminuindo os impactos sociais, ambientais e econômicos, mas o mesmo tempo que possamos ter empreendimentos que sejam uma alavanca de desenvolvimento sustentável na onde ele influencia. Não é uma visão imediatista, setorista e mecanizada. É uma visão sistêmica, com a complexidade que isso tem”, concluiu.
Fonte: Canal Energia
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