Em vez de 2 mil MW, governo decide desligar 5 mil MW em março

O governo reviu para cima o plano de desligar termelétricas que estavam em operação para auxiliar na recomposição dos reservatórios durante o período de escassez nos últimos três anos. Inicialmente, o plano era de desligar sete termelétricas que possuíam custo de combustível (o chamado custo variável – CVU) acima de R$ 420/MWh, num total de cerca de 2 mil MW, mas decidiu desligar mais 15 empreendimentos, com CVU acima de R$ 250/MWh.

O novo lote de usinas a serem desligadas totaliza 3.011 MW. Com isso, serão desativados pouco mais de 5 mil MW, resultando num impacto sobre as tarifas de R$ 8 bilhões por ano, o equivalente algo entre 6% e 6,5% a menos nas tarifas, segundo informou o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (25/2). Além disso, Braga garantiu que as bandeiras tarifárias serão ajustadas para o patamar verde em abril, com o desligamento dos cerca de 11 mil MW térmicos que ainda estarão em operação, com custo variável acima de R$ 211/MWh. 

“Eventualmente, por razões elétricas, pode haver o despacho que uma ou outra usina acima deste valor [R$250/MWh]“, ponderou o ministro. Segundo ele, a decisão de hoje, tomada em uma reunião extraordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), após sucessivas análises que foram iniciadas desde o fim do Carnaval, se deve a três variáveis.

Uma delas é à recuperação mais favorável dos reservatórios. Na segunda-feira passada (22/2), o armazenamento do submercado Sudeste/Centro-Oeste ultrapassou a barreira dos 50%, a maior marca para o mês de fevereiro dos últimos três anos; dias antes o Nordeste rompeu a barreira dos 30%.

A segunda é o comportamento da carga, que tem se mantido mais retraída, em função da atividade econômica reduzida, especialmente na indústria. A terceira variável é a entrada de energia nova. Braga ressaltou que só nos primeiros meses de 2016 entraram em operação mais de 1 mil MW de novas unidades geradoras, com previsão de inicio de operação comercial, nos próximos meses, das primeiras máquinas de Belo Monte e da geração complementar de Santo Antônio e Jirau.

Braga ressaltou que “a tarifa de energia elétrica está no ciclo de viés de baixa” e que a redução “é significativa” para o sistema elétrico. Já o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, observou que a decisão já prepara a elaboração do planejamento da operação para março, ao indicar quais térmicas serão operadas. Chipp salientou ainda que a previsão do ONS é que o submercado Sudeste-Centro-Oeste, cujas usinas correspondem a cerca de dois terços do armazenamento do país, deve chegar no fim de abril com níveis entre 60% e 70%.

Fonte: Brasil Energia