Ministro descarta racionamento de energia e novas verbas para geradoras

Capitaneado pelo ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB), o governo reuniu a cúpula do sistema elétrico brasileiro ontem para tranquilizar empresários e mostrar um cenário otimista sobre o fornecimento de energia. Integrantes de agências reguladoras e operadoras reuniram-se com representantes da Federação da Indústria de São Paulo (Fiesp) e repetiram a mensagem dos últimos meses: apesar de o ciclo de chuvas no início de 2014 ter sido muito atípico, não existe possibilidade de falta de energia.

O ministro deu tom político ao comparar a situação do sistema elétrico nacional com a do abastecimento de água em São Paulo. Segundo Lobão, o governo federal vai investir cerca de R$ 60 bilhões no sistema elétrico neste ano. “Ao contrário do que acontece no sistema Cantareira, onde a situação decorre um pouco da falta de investimentos.” Segundo Lobão, o governo não pensa em socorrer as geradoras de energia com novas verbas. Perguntado sobre o pleito da associação das geradoras, que diz faltar caixa para absorver o custo com geração de energia térmica, Lobão disse que “examina sempre todas as reivindicações.”

Romeu Rufino, diretor-geral da Aneel, disse que o empréstimo de R$ 11,2 bilhões do governo às distribuidoras deve ser suficiente para as empresas até o fim do ano. Ele afirmou que o último leilão conseguiu mitigar boa parte da verba que elas necessitam, e que o empréstimo do governo cobriu as operações até abril. “Mas os custos agora ficam decrescentes. Se for preciso completar aquele valor, será algo pequeno e será oportunamente discutido.” O diretor-geral negou que ainda faltariam R$ 7,9 bilhões para as distribuidoras não terem prejuízo neste ano. “Não trabalhamos com esse valor.”

Segundo Lobão, o sistema elétrico está em situação “muito diferente” da de 2001, quando houve racionamento. Desde 2003, disse, houve expansão do sistema em mais de 60%. “Naquela época, havia geração insuficiente e o parque complementar não estava totalmente integrado”. Segundo dados do Centro de Estudos de Pesquisa Energética (Cepel), o risco de racionamento se manteve estável nos últimos três meses. Em 2001, o risco era seis vezes maior em igual época do ano. O Operador Nacional do Sistema (ONS) mostrou previsão de meteorologistas de chuva no Sul e Sudeste nos próximos dez dias, o que deve elevar o nível dos reservatórios. O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, destacou medidas do governo, como a proibição do uso da água dos reservatórios para fins que não o de geração de energia. No caso de Furnas, será possível elevar de 8% para 18% o nível dos reservatórios em novembro. A proibição do uso da água para a irrigação, por exemplo, garante aumento de 2% no nível geral dos reservatórios das hidrelétricas do país. Segundo Chipp, o risco de déficit de energia em 2015 deve ficar entre 4% e 6% caso se confirmem as projeções para o nível dos reservatórios até novembro.

Fonte: Valor Econômico – 13/05/2014

No comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *







×